
Porto Velho, RO — O ex-primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev, hoje vice-presidente do Conselho de Segurança do Kremlin, disse nesta quinta-feira que, se a Finlândia ou a Suécia aderirem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Rússia reforçará seu contingente militar na região, incluindo a instalação de armas nucleares perto dos países do Mar Báltico e da Escandinávia.
Em uma mudança histórica de comportamento, os dois países nórdicos — que historicamente se mantêm neutros, sem integrar alianças militares — vêm dando fortes indicações de que planejam se unir à Otan desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Na quarta-feira, o governo finlandês disse que uma decisão nesse sentido poderia levar semanas, não meses.
Em resposta, Medvedev disse que em caso de adesão, "as fronteiras da aliança [ocidental] com a Rússia seriam multiplicadas por dois. E será necessário defender essas fronteiras", revelou em mensagem via Telegram.
Medvedev também levantou implicitamente a ameaça nuclear ao dizer que não se pode mais falar de um Báltico "livre de armas nucleares" — embora a Rússia tenha armas do tipo no enclave de Kaliningrado, entre a Polônia e a Lituânia.
"Neste caso, não poderia mais ser considerado um Báltico não nuclear", acrescentou, evocando também a possibilidade de instalação de sistemas de defesa antiaérea no noroeste da Rússia e do deslocamento de forças navais para o Golfo da Finlândia.
A Rússia tem o maior arsenal de ogivas nucleares do mundo e, junto com a China e os Estados Unidos, é um dos líderes globais em tecnologia de mísseis hipersônicos.
"Ninguém em sã consciência pode querer um aumento de tensão nas suas fronteiras e ter [mísseis] Iskander junto à sua casa, [mísseis] hipersônicos e navios com armas nucleares", desafiou Medvedev.
O Iskander, conhecido como SS-26 Stone pela Otan, é um sistema de mísseis balísticos táticos de curto alcance que pode transportar ogivas nucleares. Seu alcance oficial é de 500 km, mas algumas fontes militares ocidentais suspeitam que possa ser muito maior.
Oficialmente, Finlândia e Suécia, que têm fronteiras com a Rússia, afirmam ainda estudar a entrada na Otan. Em uma coletiva conjunta na quarta-feira, no entanto, os líderes dos dois países afirmaram que estudam e veem vantagens na possibilidade. Segundo um jornal sueco, a decisão de Estocolmo já está tomada.
A Lituânia disse que as ameaças da Rússia não são novidade e que Moscou havia instalado armas nucleares em Kaliningrado muito antes da guerra na Ucrânia. O enclave fica a menos de 1.400 quilômetros de Londres e Paris e a 500 quilômetros de Berlim.
A Rússia disse em 2018 que havia instalado mísseis Iskander em Kaliningrado, região que foi capturado pelo Exército Vermelho em abril de 1945 e cedida à União Soviética na Conferência de Potsdam, ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Uma possível adesão da Finlândia e da Suécia à Otan — fundada em 1949 para fornecer segurança ocidental contra a então União Soviética — seria uma das maiores consequências estratégicas da guerra na Ucrânia.
A liderança da aliança militar é discreta sobre novas adesões, e costuma afirmar apenas que a organização tem uma política de portas abertas e qualquer país pode pleitear um convite. Após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da aliança na semana passada, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse em referência a Finlândia e Suécia que “não há outros países mais próximos da Otan” e que ambos "podem facilmente se juntar à aliança se decidirem se candidatar".
Uma possível adesão da Finlândia e da Suécia à Otan — fundada em 1949 para fornecer segurança ocidental contra a então União Soviética — seria uma das maiores consequências estratégicas da guerra na Ucrânia.
A liderança da aliança militar é discreta sobre novas adesões, e costuma afirmar apenas que a organização tem uma política de portas abertas e qualquer país pode pleitear um convite. Após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da aliança na semana passada, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse em referência a Finlândia e Suécia que “não há outros países mais próximos da Otan” e que ambos "podem facilmente se juntar à aliança se decidirem se candidatar".
Fonte: O GLOBO