— Acho que o presidente, a Casa Branca, afirmou ontem à noite que, simplesmente, o presidente Putin não pode ter o poder de fazer guerra ou se envolver em agressão contra a Ucrânia ou qualquer outra pessoa — afirmou Blinken durante uma visita a Jerusalém, onde discutiu o programa nuclear iraniano.
— Como você sabe, e como você nos ouviu dizer repetidamente, não temos uma estratégia de mudança de regime na Rússia, ou em qualquer outro lugar, aliás.
Por meses, a Rússia afirma que a pressão internacional contra o país é uma tentativa de "mudança de regime", algo que a Casa Branca sempre negou.
No sábado, no entanto, em um discurso que marcou o fim de uma viagem voltada a reforçar a aliança internacional contra a Rússia, Biden centrou suas críticas contra o líder russo, afirmando que ele "sufoca" a democracia e, no final de sua fala, sugeriu que gostaria de vê-lo longe do Kremlin.
— Teremos um futuro diferente, mais brilhante, enraizado na democracia e princípios, na esperança e na luz. Pelo amor de Deus, esse homem não pode continuar no poder — disse Biden em Varsóvia, capital da Polônia.
Em resposta às declarações, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a mudança no poder "não é algo a ser decidido pelo sr. Biden", acrescentando que "o presidente da Rússia é eleito pelos russos".
Em Jerusalém, onde irá discutir o programa nuclear iraniano com o chanceler israelense, Yair Lapid, o secretário de Estado disse ainda que Estados Unidos e Israel estão comprometidos em impedir que o Irã obtenha uma bomba atômica, em um momento em que os dois países expressaram suas diferenças sobre a negociação com Teerã sobre seu programa nuclear.
— Na questão mais importante, nós concordamos. Estamos ambos comprometidos, estamos determinados que o Irã nunca terá uma bomba nuclear — disse Blinken a repórteres em Jerusalém, ao lado do chanceler israelense.
— Biden acredita que retornar a uma implementação completa do acordo [nuclear, assinado em 2015] é a melhor maneira de colocar o programa iraniano de volta na caixa em que ele escapou quando os Estados Unidos se retiraram do acordo.
O acordo de 2015, assinado entre o Irã, EUA, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China, permitiu o levantamento de sanções econômicas internacionais contra o Irã em troca de limitações estritas de seu programa nuclear.
Os EUA deixaram o acordo em 2018, sob a presidência de Donald Trump, que o considerava insuficiente, e estabeleceram um regime ainda mais duro de sanções, conhecido como a política de "pressão máxima", ainda em vigor.
As negociações, retomadas no ano passado, pareciam perto de um acordo há semanas, mas a Rússia tem feito exigências de última hora aos Estados Unidos, insistindo que as sanções impostas a Moscou por sua invasão da Ucrânia não deveriam afetar seu comércio com o Irã.
Fonte: O GLOBO