País acusa os israelenses de terem assassinado o líder do Hamas, Ismail Haniyeh
Líder do Hamas morto no Irã, Ismail Haniyeh, aparece ao lado do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, em placa de publicidade em Teerã — Foto: AFP
"A República Islâmica está determinada a defender a sua soberania [...] e não pede autorização a ninguém para usar os seus direitos legítimos", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Naser Kanani, num comunicado.
Um dia antes, autoridades militares de Israel afirmaram que o país está em “alerta elevado”, enquanto o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que o presidente Joe Biden e os líderes de França, Alemanha, Itália e Reino Unido abordaram ao telefone que há o risco de o Irã lançar “uma série de grandes ataques” contra Israel ainda esta semana. Em comunicado conjunto, os governantes pediram que o Irã “renuncie” às suas ameaças de ataque.
“Instamos o Irã a desistir de suas ameaças contínuas de um ataque militar contra Israel e discutimos as sérias consequências para a segurança regional que poderia haver se isto ocorrer”, destacaram os dirigentes em nota publicada após um telefonema conjunto.
Na segunda-feira, o general Patrick Ryder, porta-voz do Pentágono, anunciou o envio do submarino Georgia, com capacidade de disparar mísseis, para o Oriente Médio em meio à expectativa de uma potencial retaliação do Irã. O anúncio é mais uma tentativa dos EUA de tentar dissuadir o governo iraniano contra uma ação que poderia levar à escalada de um conflito. Previamente, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, anunciou que ordenou o envio à região do porta-aviões USS Abraham Lincoln, equipado com caças F-35.
As autoridades americanas afirmaram que o envio dos equipamentos militares é uma resposta não só às ameaças do Irã, mas também de seus aliados em Gaza, Líbano e Iêmen, que juraram se vingar pelo assassinato de Haniyeh — oficialmente, o Estado judeu não confirmou nem negou a autoria do ataque.
Aliados de Teerã
Há dias, autoridades israelenses vêm afirmando que suas forças estão de prontidão e em alerta para possíveis ações hostis partindo de Teerã ou de algum integrantes do chamado Eixo da Resistência, grupo que congrega países alinhados ao Irã.
Austin conversou com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, no domingo — na terceira ligação entre os dois em uma semana. Gallant tratou sobre a “prontidão e capacidades do Exército israelense diante das ameaças representadas pelo Irã e seus representantes regionais”, segundo um anúncio do governo israelense. Gallant também teria discutido “a urgência de se chegar a um acordo para a libertação de reféns e agradeceu à administração dos EUA por sua liderança e comprometimento com essa questão”, disse o comunicado.
A conversa entre os ministros ocorreu um dia após um ataque aéreo israelense atingir um complexo escolar usado como abrigo por deslocados na Cidade de Gaza. Segundo a Defesa Civil do território, governado pelo Hamas, 93 pessoas morreram, entre elas muitas mulheres e crianças. Já o Exército de Israel afirmou que o estabelecimento servia de base para o grupo terrorista Hamas e a Jihad Islâmica “realizarem ataques” contra seus soldados e indicou que, nessa operação, matou pelo “menos 31 terroristas”.
— Vamos levar mais dois dias para identificar os corpos despedaçados — afirmou Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil.
Com a preocupação sobre uma escalada regional do conflito e uma intensificação das operações em Gaza, mediadores internacionais, incluindo EUA, Catar e Egito, tentam pressionar para um avanço das conversas sobre um cessar-fogo. No domingo, o Hamas exigiu a aplicação de um plano de trégua apresentado pelo presidente americano, Joe Biden, “em vez de realizar novas negociações” — enquanto moradores de Khan Younis, no sul do território palestino, fugiam diante da iminência de novos bombardeios. Dias antes, Israel havia aceitado retomar as conversas a partir de 15 de agosto, em resposta a um pedido dos mediadores.
Fonte: O GLOBO
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