Organização divulgou nesta quinta documento técnico sobre o tema
Porto Velho, RO.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e cerca de 500 especialistas
concordaram pela primeira vez com o que significa uma doença se espalhar
pelo ar. É uma tentativa de evitar a confusão do início da pandemia de
covid-19 que, segundo alguns cientistas, custou vidas.
A agência
de saúde da ONU, sediada em Genebra, divulgou documento técnico sobre o
tema nesta quinta-feira (18). Disse que foi o primeiro passo para
evitar melhor esse tipo de transmissão, tanto para doenças existentes
como o sarampo quanto para futuras ameaças de pandemia.
O
documento conclui que a expressão "pelo ar" pode ser usada para doenças
infecciosas em que o principal tipo de transmissão envolve o patógeno
que viaja pelo ar ou fica suspenso no ar, em linha com outros termos,
como doenças "transmitidas pela água", que são compreendidas por todas
as disciplinas e pelo público.
Quase 500 especialistas
contribuíram para a definição, incluindo físicos, profissionais de saúde
pública e engenheiros, muitos dos quais discordaram veementemente sobre
o assunto no passado.
Historicamente, as agências têm exigido
altos níveis de comprovação antes de classificar as doenças como
transmitidas pelo ar, o que exigia medidas de contenção muito rigorosas;
a nova definição diz que o risco de exposição e a gravidade da doença
também devem ser considerados.
As discordâncias anteriores
também se concentravam se as partículas infecciosas eram "gotículas" ou
"aerossóis" com base no tamanho, o que a nova definição afasta.
Durante
os primeiros dias da covid em 2020, cerca de 200 cientistas de
aerossóis reclamaram publicamente que a OMS não havia alertado as
pessoas sobre o risco de o vírus se espalhar pelo ar. Isso levou a uma
ênfase exagerada em medidas como lavar as mãos para deter o vírus, em
vez de se concentrar na ventilação, disseram eles.
Em julho de
2020, a agência disse que havia "evidências emergentes" de propagação
pelo ar, mas sua então cientista-chefe Soumya Swaminathan - que iniciou o
processo para obter uma definição - disse mais tarde que a OMS deveria
ter sido mais enérgica "muito antes".
Seu sucessor, Jeremy
Farrar, afirmou em entrevista que a nova definição era mais do que a
covid, mas acrescentou que, no início da pandemia, havia falta de
evidências disponíveis e os especialistas, incluindo a OMS, agiram de
"boa fé". Naquela época, ele era diretor da instituição beneficente
Wellcome Trust e assessorou o governo britânico sobre a pandemia.
Farrar
disse que a definição acertada entre os especialistas de todas as
disciplinas permitiria o início de discussões sobre questões como a
ventilação em muitos ambientes diferentes, de hospitais a escolas.