Taiwan fortalecerá laços militares com os EUA para conter 'expansionismo autoritário'

Taiwan fortalecerá laços militares com os EUA para conter 'expansionismo autoritário'

Anúncio acontece durante visita de legisladores americanos; presidente não deu detalhes sobre o tipo de intercâmbio militar

Porto Velho, RO - A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, anunciou que seu país fortalecerá seus laços militares com os Estados Unidos para conter o "expansionismo autoritário", depois de se reunir com legisladores americanos em visita à ilha do sudeste asiático. 

Tsai não deu detalhes sobre o tipo de intercâmbio militar que pode ocorrer no futuro, mas disse que é hora de "explorar mais possibilidades de cooperação" entre a ilha e os Estados Unidos.

A viagem de cinco dias de membros do Congresso dos Estados Unidos ocorre após a chegada, na sexta-feira, do secretário-adjunto da Defesa dos Estados Unidos, Michael Chase, segundo o jornal britânico Financial Times.

— Taiwan e os Estados Unidos continuarão fortalecendo os intercâmbios militares — disse Tsai após receber os legisladores em seu escritório em Taipei. — No futuro, Taiwan cooperará ainda mais ativamente com os Estados Unidos e outros parceiros democráticos para enfrentar os desafios globais, como o expansionismo autoritário e a mudança climática. Juntos podemos continuar protegendo os valores da democracia e da liberdade.

Após o anúncio, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, acusou o governo de "provocação":

— Qualquer conspiração separatista inútil ou plano que se apoie nas forças estrangeiras para minar as relações entre os dois lados do Estreito será contraproducente e nunca será bem-sucedido — disse. — As autoridades taiwanesas não podem mudar a inevitável tendência geral para a unificação chinesa.

Apenas em 2022, os Estados Unidos venderam armas para Taiwan cinco vezes. O país também chegou a propor a venda de mísseis de autodefesa aérea Patriot, um dos mais avançados do mercado.

No começo deste mês, o governo americano anunciou que iria aumentar sua presença militar nas Filipinas sob um acordo que lhes dá acesso a mais quatro locais e fortalece o papel da nação do Sudeste Asiático como um parceiro estratégico fundamental para Washington no caso de um conflito com a China por causa de Taiwan.

Entre os cinco aliados com que os Estados Unidos mantêm tratados na Ásia, as Filipinas e o Japão são os mais próximos geograficamente de Taiwan — ilha de Itbayat, no extremo Norte das Filipinas, fica a apenas 150 km de distância.

Taiwan e a China foram divididos no final da Guerra Civil da China em 1949, disputada entre o Partido Nacionalista Chinês, o Kuomintang, e os comunistas liderados por Mao Tsé-Tung. Desde então, a relação entre Taipé e Pequim oscila entre períodos de diálogos conciliatórios e conflitos abertos.

A ilha ocupa uma localização central na costa chinesa, a 180 quilômetros do continente, próxima às rotas marítimas do Mar do Sul da China e de grande importância militar e comercial. 

Além disso, fica na interseção de diversos pontos do Leste Asiático, e navios de praticamente todos os portos importantes do Nordeste da Ásia — da Coreia do Sul ao extremo oriente russo — trafegam pelo Estreito de Taiwan, onde, desde 1955, a navegação é dividida pela metade.

De acordo com a presidente de Taiwan, a reintegração a Pequim não seria aceitável para a população da província, cujo senso de nacionalismo é muito presente. Ao contrário da China, a província tem um sistema semipresidencialista democrático, baseado no voto direto e na disputa entre diferentes partidos políticos.

As relações entre a China e os Estados Unidos se deterioraram depois que os Estados Unidos destruíram um balão chinês no início de fevereiro sobre o território americano, apresentado por Washington como um dispositivo de espionagem e por Pequim como um aeróstato civil.

Em Taipei, o representante da Califórnia, Ro Khanna, membro do comitê da Câmara sobre concorrência estratégica com o Partido Comunista da China, disse que o objetivo da visita era expandir a "defesa da parceria militar e de segurança" e consolidar os laços dos EUA com a ilha, líder no setor de semicondutores. 

O parlamentar democrata disse que "apreciou particularmente" seu encontro com Morris Chang, fundador da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a maior fabricante de chips do mundo.

A indústria de semicondutores foi abalada por uma desaceleração da economia global, que reduziu a demanda, e por uma série de controles de exportação dos EUA para limitar a capacidade de Pequim de comprar e fabricar chips de última geração.


Fonte: O GLOBO

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