Congresso dos EUA aprova projeto de lei que protege direitos do casamento entre pessoas do mesmo sexo

Congresso dos EUA aprova projeto de lei que protege direitos do casamento entre pessoas do mesmo sexo

O texto final da proposta agora será encaminhado ao presidente Joe Biden para ser sancionado

Porto Velho, RO -
A Câmara dos EUA aprovou nesta quinta-feira o projeto de lei para proteger e exigir o reconhecimento federal para casamentos entre pessoas do mesmo sexo, com uma coalizão bipartidária de parlamentares votando a favor da medida nos últimos dias do Congresso liderado pelos democratas. Com uma votação de 258 a 169, a legislação histórica agora será encaminhada ao presidente Joe Biden para ser sancionada, encerrando o caminho para uma medida que apenas alguns meses atrás parecia ter poucas chances de ser promulgada.

Biden considera o casamento igualitário uma de suas prioridades legislativas e disse que assinará "rapidamente e com orgulho" o projeto de lei.

A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, também se manifestou após a votação. "Comecei minha carreira lutando pelas comunidades LGBTQ", tuitou Pelosi, "e agora, um dos projetos de lei finais que assinarei como presidente da Câmara garantirá que o governo federal nunca mais entre no caminho de quem quer se casar com a pessoa que ama".

Essa foi a segunda vez em cinco meses que a Câmara votou a Lei de Respeito ao Casamento. Em julho, 47 republicanos da Câmara se juntaram aos democratas em apoio à legislação, em um nível de entusiasmo do Partido Republicano pelos direitos do casamento entre pessoas do mesmo sexo que surpreendeu apoiadores. Depois, no Senado, a lei foi revisada para atender às preocupações de alguns republicanos de que puniria ou restringiria a liberdade religiosa de instituições que se recusam a reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Essa versão foi aprovada no mês passado, forçando-a a voltar à Câmara para uma segunda votação para aprovar as mudanças.

A pressão para aprovar a medida começou depois que o juiz Clarence Thomas sugeriu em seu parecer na decisão de junho que derrubou a garantia o direito constitucional ao aborto, no caso Roe vs. Wade, dizendo que a Suprema Corte também "deveria reconsiderar" precedentes que consagram a igualdade no casamento e o acesso à contracepção.

A legislação revoga a Lei de Defesa do Casamento de 1996, que definia casamento como a união entre um homem e uma mulher, uma lei que na prática foi derrubada pela decisão do tribunal máximo do país em 2015. Também afirma proteções e benefícios federais para casais inter-raciais.

— Hoje, vamos votar pela igualdade e contra a discriminação, finalmente derrubando a homofóbica Lei de Defesa do Casamento e garantindo proteções cruciais para casamentos entre pessoas do mesmo sexo e inter-raciais — disse o deputado David Cicilline, democrata de Rhode Island, momentos antes da votação.

'Ameaça inexistente'

O fato de o projeto de lei ter conseguido atrair maiorias decisivas e bipartidárias no Senado e na Câmara prova uma mudança significativa na política e na cultura americana em uma questão que já foi considerada politicamente divisora. Na última década, o casamento entre pessoas do mesmo sexo tornou-se amplamente aceito por membros de ambos os partidos, e as pesquisas mostram que mais de 70% dos eleitores apoiam o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Ainda assim, a maioria dos republicanos se opôs. Durante o debate nesta quinta-feira, eles argumentaram que a medida era uma resposta a uma ameaça inexistente aos direitos do casamento entre pessoas do mesmo sexo e condenaram o projeto de lei como imoral.

O deputado Jim Jordan, de Ohio, o principal republicano no Comitê Judiciário, disse que os democratas "provocaram" um "medo infundado" de que a Suprema Corte estava prestes a anular os direitos de casamento entre pessoas do mesmo sexo e outros precedentes. "É perigoso", disse Jordan sobre a legislação, "e leva o país na direção errada".

O deputado Bob Good, republicano da Virgínia, ridicularizou a medida como "desrespeito ao ato de casamento".

— Este projeto de lei certamente desrespeita a definição de casamento de Deus — disse Good. — Sua definição é a única que realmente importa.

Os democratas da Câmara dos Representantes trabalharam com urgência para aprovar o projeto de lei enquanto ainda estão no controle do Congresso. Isso porque, após as eleições legislativas de novembro, os republicanos conquistaram uma estreita maioria na Câmara e assumirão o controle da Casa a partir de janeiro, enquanto os democratas manterão uma pequena maioria no Senado.


Fonte: O GLOBO

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