Príncipe Charles faz Discurso da Rainha pela primeira vez, em sinal de transição progressiva do reinado de Elizabeth II

Príncipe Charles faz Discurso da Rainha pela primeira vez, em sinal de transição progressiva do reinado de Elizabeth II

Com problemas de saúde, monarca de 96 anos falta à cerimônia repleta de pompa pela primeira vez desde 1963, em momento importante para herdeiro ao trono

Porto Velho,RO
— A rainha Elizabeth II, a chefe de Estado do Reino Unido, perdeu a cerimônia de Abertura do Parlamento britânico pela primeira vez em quase 60 anos nesta terça-feira, passando o dever ao seu herdeiro, o príncipe Charles, em um momento histórico no que se considera a transição progressiva de uma rainha idosa determinada a não abdicar em favor do herdeiro.

A monarca de 96 anos geralmente preside o evento repleto de pompa e rituais e lê o programa legislativo de seu governo de um trono dourado na Câmara dos Lordes.

Mas, na segunda-feira, o Palácio de Buckingham anunciou que ela perderia o rito anual por aconselhamento médico, tomando a decisão "com relutância", por continuar a enfrentar "problemas de mobilidade".

A ausência na Abertura do Parlamento se soma a uma série de outras aparições públicas canceladas em função de problemas de saúde e idade avançada, indicando que o seu reinado de 70 anos, um recorde na monarquia britânica, pode estar perto do fim.

Charles foi acompanhado no compromisso de Estado de alto nível por seu filho mais velho, o príncipe William, que é o segundo na linha de sucessão ao trono.

O Discurso da Rainha faz parte da cerimônia que marca o início do ano parlamentar, conhecido como Abertura de Estado do Parlamento.

Como o nome indica, a rainha — em sua posição de chefe de Estado — faz um discurso para parlamentares e pares na Câmara dos Lordes, a Câmara Alta do Parlamento.

No entanto, são os ministros, e não a rainha, que escrevem o discurso, que define a agenda do governo para os próximos 12 meses e as leis que pretende apresentar.

Famosa por sua pompa e circunstância, a cerimônia geralmente começa com uma procissão na qual a rainha viaja do Palácio de Buckingham a Westminster de carruagem, escoltada por soldados em uniforme cerimonial, enquanto a Coroa Imperial do Estado e outras insígnias são transportados à frente em uma carruagem.

A monarca veste o Manto de Estado antes de liderar uma procissão até a Câmara Alta da Câmara dos Lordes, onde se senta em um trono e abre formalmente uma nova sessão do Parlamento, lendo o discurso escrito pelo governo.

A rainha perdeu a ocasião apenas duas vezes durante seus 70 anos de reinado: em 1959 e 1963, quando estava grávida dos filhos Andrew e Edward.

A rainha, que perdeu vários compromissos públicos desde que passou uma noite hospitalizada em outubro passado por uma doença não especificada, teve de emitir uma "Cartas de Patentes" para autorizar Charles e William a desempenhar seu papel no evento constitucional.

Charles, 73 anos, que cada vez substitui mais sua mãe em eventos oficiais, não chegou de carruagem, e sim em um Rolls-Royce oficial com teto transparente, acompanhado pela esposa Camilla.

Ele não vestiu a tradicional capa de armino, optando por um uniforme militar com várias condecorações, nem a pesada coroa ornada com pedras preciosas, que presidiu a sessão sobre uma almofada diante do espaço vazio deixado pelo trono da soberana ausente.

O príncipe de Gales se sentou ao lado, em um trono menor que já havia ocupado em outras ocasiões ao lado da mãe. Acompanhado por Camilla e pelo filho mais velho, William, 39 anos, o número dois na linha de sucessão leu o discurso com a mesma voz monótona, solene e aplicada da rainha, diante dos deputados e dos lordes reunidos na Câmara Alta do Parlamento.

O dia de hoje marca um "grande momento" para o príncipe Charles ao fazer o discurso da rainha pela primeira vez, diz Emily Nash, editora real da revista Hello.

Ele está desempenhando, talvez, "a função mais importante que a rainha tem", diz.

No entanto, a cerimônia foi reformulada de uma forma que deixasse claro que a rainha ainda está "no comando", representada pela presença da Coroa Imperial em sua ausência.

— Ainda está dizendo que ela está no controle, mas [os príncipes] estão lá para representá-la hoje — disse Nash.


Fonte: O GLOBO

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