Impasse entre clubes trava debate sobre receitas possíveis com novas mídias

Impasse entre clubes trava debate sobre receitas possíveis com novas mídias

Negociações através de liga podem gerar rendas que vão de ativações a produção audiovisual; americanos são exemplo

Porto Velho, RO - Enquanto os clubes brasileiros emperraram a criação da liga com o impasse sobre como será a divisão dos direitos de TV, uma gama de possibilidade de produtos de mídia, que vão além das transmissões de jogos, estão sendo negligenciados e sequer discutidos, na visão de especialistas. 

As estratégias que vão desde pequenos comerciais e publicidades locais à produção de documentários e filmes são extremamente rentáveis e divididos por todos os clubes — ao menos é assim nas principais ligas do mundo.

Há na proposta da criação da liga uma estratégia para popularizá-la e expandi-la ao mercado internacional, principalmente para os Estados Unidos. As ligas americanas inclusive, podem dar os melhores ensinamentos de como produtos de mídia geram inúmeras fontes de receitas para os clubes.

A principal estratégia começa sim com a venda de jogos para TVs abertas e fechadas e mais recentemente para as plataformas digitais. Porém, de uma forma centralizada para fortalecer o produto. Hoje, o Campeonato Brasileiro é organizado pela CBF e os direitos de TV negociados clube por clube, o que ocasiona falta de padrão, inclusive de horários e dias de jogos. Com a liga isso muda e os horizontes se ampliam.

— Nas ligas dos Estados Unidos não se dá mais a exclusividade dos produtos a uma única mídia e negocia-se a grade. Antes de pensar no dinheiro, que é muito importante, é preciso criar engajamento e prospecção. 

O público precisa saber que no dia X e na hora Y vai ter jogo da Liga no canal Z, independentemente de qual time vai estar em campo — disse Fred Pollastri, especialista em marketing e administração esportiva e que recentemente deixou o cargo de COO do Orlando City.

A NBA— que inclusive se vende como uma empresa de mídia e entretenimento e não como uma liga esportiva — vem há anos trabalhando neste quesito e inovando em outras áreas. Recentemente, criou um espaço no metaverso em que o usuário pode fazer compras e até participar de uma partida amadora com alguma lenda do basquete.

Internacionalização

Há anos a marca focou em sua internacionalização. Uma das ativações feitas foi o lançamento do filme “Space Jam”, de 1996, estrelado por Michael Jordan e personagens da Looney Tunes. O longa usou o gancho da volta às quadras do jogador e foi um dos filmes mais assistidos do mundo na época o que ajudou a NBA a se expandir internacionalmente, inclusive no Brasil.

Há dez anos, a NBA mantém um escritório no Rio de Janeiro e já produz conteúdo exclusivo para o país. Além disso, possui lojas oficiais, patrocinadores locais e estratégias de ativação que vão desde canais no YouTube com influencers ligados do basquete ao videogame. A franquia recentemente fez um documentário sobre os jogadores brasileiros que jogaram na NBA. Tudo isso, claro, gerando receita .

A NFL é outro exemplo de como ativações de mídia podem encher ainda mais os bolsos dos clubes. A liga profissional de futebol americano conseguiu uma das maiores proezas do mundo em termos comerciais. 

Durante o Super Bowl, os dois momentos em que ela mais fatura são quando o jogo está parado. São eles: o um minuto de comercial (vendido como o mais caro do mundo), onde empresas desembolsam fortunas para anunciar no espaço — e o público assiste por curiosidade em saber quais empresas são essas — e o show do intervalo, com artistas e surpresas.

— O público assiste ao Super Bowl mesmo sem saber quais times vão jogar. Já se criou uma cultura — disse Fred Pollastri.

Estratégias específicas

O futebol americano passou a fazer algo que a NBA iniciou, que é realizar jogos válidos pelo campeonato em outros países, apesar da logística ser mais complicada. Mesmo sendo um esporte restrito aos Estados Unidos, eles fizeram uma estratégia para expandir seus horizontes. 

A NFL dividiu o mundo em regiões e cada uma delas recebe a ativação de um time específico, o Brasil é do Miami Dolphins. Caso haja um jogo no país, esse será o time que jogará.

Outra liga que passou a prosperar foi a Major League Soccer, que organiza o campeonato americano de futebol. Eles pensam em criar uma nova competição englobando times do México e do Canadá, para promover o futebol nos países onde vai acontecer a Copa de 2026. E apostar ainda mais na nacionalização. 

Uma das propostas de ativação que deve ser feita pela liga é uma que a MLS adotou quando Kaká foi contratado pelo Orlando City. Houve uma campanha exclusiva para o Brasil, que fez canais de TV daqui comprarem os direitos do campeonato.


Fonte: O GLOBO

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