Com reeleição de Macron, adversários políticos veem espaço para avanços nas disputas legislativas de junho

Com reeleição de Macron, adversários políticos veem espaço para avanços nas disputas legislativas de junho

Esquerda e extrema direita querem aumentar número de cadeiras na Assembleia Nacional e podem dificultar segundo mandato do presidente

Porto Velho, RO - A vitória de Emmanuel Macron na eleição presidencial deste domingo, com quase 59% dos votos contra Marine Le Pen, a representante da extrema direita, colocou no centro do debate político francês uma outra disputa que deve dominar as manchetes pelas próximas semanas: as eleições legislativas, marcadas para os dias 12 e 19 de junho. 

Hoje, a coalizão que dá suporte ao presidentem, a Juntos Cidadãos, possui 347 das 577 cadeiras da Casa, um cenário que dificilmente se repetirá.

Logo após a confirmação da reeleição, um dos candidatos derrotados no primeiro turno, Éric Zemmour, do Reconquista, defendeu uma união das forças nacionalistas de extrema direita para fazer frente a Macron e ganhar espaço no Legislativo.

— O bloco nacionalista deve se unir e se juntar à união nacional diante das [eleições] legislativas, contra dois outros blocos, um "macronista", outro islâmico de esquerda — disse Zemmour neste domingo, em discurso a apoiadores. — Não existe a chance de uma vitória eleitoral sem essas alianças entre todas as direitas, entre as classes populares e a burguesia patriota, entre os avós e seus netos, entre a França periférica e os moradores das metrópoles, que querem continuar a viver em uma França francesa.

Hoje, a extrema direita tem pequena representação no Parlamento, com oito deputados na atual legislatura, e Zemmour vê nos milhões de eleitores que votaram em Marine Le Pen e nos que escolheram não votar — 27,3% do total — ou anular suas cédulas um potencial para crescimento de seu campo político.

— Apesar de milhões de nós termos buscado colocar fim ao mandato de Emmanuel Macron, esta noite, os que amam a França perderam e Emmanuel Macron foi reeleito facilmente — disse Zemmour. — Há muito tempo que os que amam apaixonadamente a França são vencidos. Há tempos aqueles que querem defender sua identifade e colocar fim à imigração se veem amargamente decepcionados em uma noite eleitoral.

Apesar de ter defendido o voto em Le Pen, Zemmour sugeriu que o tempo da candidata derrotada como principal nome da extrema direita pode ter chegado ao fim.

— Essa foi a oitava vez que a derrota atinge o nome Le Pen — declarou, recordando as campanhas malsucedidas de Marine e de seu pai, Jean-Marie Le Pen. — O duelo com Marine Le Pen foi apresentado como uma revanche de 2017, mas a revanche acabou não dando certo.

Outro a anunciar o engajamento na campanha para as eleições legislativas foi Jéan-Luc Mélenchon, do esquerdista França Insubmissa, que possui 17 cadeiras na Assembleia Nacional. Na eleição, Mélenchon pediu a seus apoiadores que não votassem em Le Pen, mas sem declarar apoio em Macron. 

Dentro de seu partido, pesquisas mostraram que até 66% dos entrevistados planejavam anular seus votos ou se abster — no primeiro turno, ele obteve 22% dos votos, a menos de dois pontos percentuais de Marine Le Pen, sugerindo um potencial considerável de eleitores.

— O terceiro turno começa esta noite. Nos dias 12 e 19 de junho acontecerão as [eleições] legislativas. Vocês podem lutar contra Macron. Um outro mundo é possível se vocês elegerem uma maioria de deputados da União Popular que deve aumentar. 

O bloco popular é a força que pode mudar tudo — disse Mélenchon, em discurso neste domingo. — Nos dias 12 e 19 de junho, peço que me elejam primeiro-ministro, eu vos convido a moldar uma nova realidade em comum para nosso povo.

Mélenchon afirmou que Macron foi o presidente "mais mal eleito da Quinta República", e chamou seu governo de "monarquia presidencial", ao mesmo tempo em que defendia um bloco de esquerda para as próximas eleições.

— Meus pensamentos se voltam para as futuras vítimas desta situação. As pessoas que vivem sob o RSA [benefício social], as pessoas que estão estranguladas financeiramente e que não verão os preços inalterados — apontou Mélenchon. — A todos vós digo "não se resignem". Pelo contrário, devemos agir, francamente, de forma maciça. A democracia pode nos dar o momento de mudar de rumo.


Fonte: O GLOBO

Postar um comentário

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem