Putin determina que Europa e 'países hostis' paguem por gás russo em rublos

Putin determina que Europa e 'países hostis' paguem por gás russo em rublos

Medida deve fortalecer moeda russa e é uma resposta ao Ocidente, que congelou ativos russos após a invasão da Rússia na Ucrânia; Alemanha diz que decisão é uma 'quebra de contrato'

Porto Velho, RO — O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira que a Rússia exigirá a partir de agora que "países hostis", incluindo os da União Europeia (UE), paguem pelo gás russo em rublos

. A medida, que tem o objetivo de fortalecer a moeda russa, é uma resposta ao congelamento dos ativos no exterior do Banco Central russo pelos EUA e os países da UE, em retaliação à invasão da Ucrânia.

— A Rússia continuará, é claro, a fornecer gás natural de acordo com volumes e preços fixados em contratos previamente celebrados — disse Putin em uma reunião televisionada com os principais ministros do governo. — As mudanças afetarão apenas a moeda de pagamento, que será alterada para rublos russos.

Putin pediu ao Banco Central e ao governo que adotem no prazo de uma semana o novo sistema, que deve ser "claro, transparente" e implica "a aquisição de rublos no mercado cambial russo".

O anúncio teve um efeito imediato na moeda russa, que registrou valorização diante do euro e do dólar, depois da forte queda desde 24 de fevereiro, quando as forças russas invadiram a Ucrânia. O preço internacional do gás russo subiu 30%.

Putin também insinuou que outras exportações russas serão submetidas à mesma regra. Horas depois do anúncio do líder russo, a agência de notícias russa Tass citou o chefe da agência espacial russa Roscosmos, Dmitry Rogozin, dizendo que a agência mudará seus contratos com outros países para rublos.

No início de março, o Kremlin anunciou uma lista de 48 Estados considerados hostis, incluindo os EUA, Japão, todos os membros da UE, Suíça e Noruega. O Brasil não faz parte da lista.

Segundo a Gazprom, que se negou a comentar a decisão de Putin, 58% de suas vendas de gás natural para a Europa e outros países em 27 de janeiro foram liquidadas em euros. 

Os dólares americanos representaram cerca de 39% das vendas brutas e a libra esterlina cerca de 3%. O gás russo representa cerca de 40% do consumo total de gás da Europa.

Reagindo à medida de Putin, a Alemanha disse que a decisão é uma "quebra de contrato".

— Vamos discutir com nossos parceiros europeus para decidir como responder a essa demanda — disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, em entrevista coletiva em Berlim.

Anteriormente, a UE interrompeu as transferências de euros para a Rússia. Moscou limitou as operações de câmbio de moedas estrangeiras no mercado interno após seu Banco Central ser submetido a sanções pelo Ocidente, limitando sua capacidade de usar as reservas estatais em divisas.

Também nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que os países ocidentais congelaram quase US$ 300 bilhões de reservas russas no exterior, no que chamou de "roubo".

— Está claro que entregar nossas mercadorias à UE e receber dólares, euros e outras moedas não faz mais sentido para nós — disse Putin.

Para Timothy Ash, estrategista de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, essa é uma tentativa de Putin de fazer com que os países ocidentais retomem as transações com o Banco Central da Rússia.

"Mas isso só dificultará fazer transações com a Rússia para o fornecimento de energia", escreveu Ash em uma nota a clientes, citada pelo Valor Econômico. "Isso apenas acelerará a diversificação" das fontes de energia consumida pelos europeus.


Fonte: O GLOBO

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