Análise: Quarteto da seleção é aprovado, mas pede ajustes que passam por Neymar

Análise: Quarteto da seleção é aprovado, mas pede ajustes que passam por Neymar

Atacante deve ser meia de ligação que equipe precisa em etapas do jogo

Porto Velho, RO - Em tempos de posições extremadas e certezas absolutas sobre tudo, a goleada do Brasil no Maracanã, sobre um adversário apenas mediano como é o Chile, foi do tamanho exato do estágio de evolução dessa seleção, a oito meses da Copa do Mundo do Qatar. 

Quem foi ao estádio pré disposto a sentir raiva — como os muitos que vaiaram o técnico Tite antes de a partida começar —, deixaram o estádio certamente frustrados. Talvez de mãos dadas com aqueles mais ufanistas, que exigiam atuação espetacular do quarteto ofensivo, formado por Antony, Vini Jr, Lucas Paquetá e Neymar.

A formação cumpriu bem seu papel nos 4 a 0. Entretanto, deu sinais de que correções precisam acontecer. Duas boas notícias: há tempo para isso, até a estreia no Oriente Médio. E parte depende justamente do jogador com mais recursos da seleção, o camisa 10.

Uma das principais lições no Maracanã foi a de que o Brasil precisará encontrar maneiras de sair jogando desde o campo de defesa quando for pressionado na saída de bola. Alguns dos maiores apuros da seleção ocorreram quando o Chile conseguiu subir a marcação. 

Com quatro jogadores muito avançados, os defensores ficaram com poucas opções de passe no meio de campo. Uma alternativa para corrigir isso é pedir para Neymar dar uns bons passos na direção da intermediária defensiva. Basta que ele consiga girar com a bola dominada para ter três opções de passe e um adversário que se desarrumou para tentar marcar com pressão. Cenário perfeito.

Além disso, existiu um gargalo nas fases do jogo em que o Chile conseguiu se postar bem na linha defensiva. Ao jogar com tantos homens talentosos na linha de ataque — em muitos momentos, Fred se juntou aos quatro da frente —, o Brasil se torna mais dependente da qualidade de passe de Casemiro e dos laterais. 

Nem sempre houve a bola esticada tão qualificada, a visão de jogo mais aguçada. Daniel Alves, neste caso, talvez seja uma alternativa melhor do que Danilo. Mesmo que isso obrigue recuar Arana.


Pontas brilham

O que mais funcionou no Maracanã foram os dois extremos, Vini Jr e Antony. O primeiro foi o mais acionado. Leva vantagem por jogar muito próximo de Neymar. Como o camisa 10 é procurado por todos, o atacante do Real Madrid é privilegiado por tabela. 

Justamente quando trocou passes com Neymar, o eterno xodó da torcida do Flamengo foi muito produtivo. Deixou o jogador do Paris Saint-Germain duas vezes em ótima condição de marcar. Neymar deve se preparar para isso acontecer mais vezes e ser mais efetivo na área.

Vini Jr. é peça fundamental no Real Madrid por deixar Benzema bem situado para marcar os gols. O francês não costuma desperdiçar e o camisa 10 do Brasil precisa resgatar um espírito artilheiro que tinha mais latente no começo da carreira. Se habituar a ser o homem do último toque.

Os dois gols de bola rolando sobre o Chile e as jogadas que terminaram nos dois pênaltis saíram de lances que demandaram menos trocas de passes envolventes, algo que praticamente não existiu na seleção no Maracanã. 

Foram momentos em que a defesa do Chile não estava tão bem organizada. O bom de ter quatro atacantes em campo é que, com eles, essas brechas dadas pelos adversários tendem a ser mais mortais.

O que o jogo no Maracanã mostrou é que a torcida brasileira está disposta a abraçar Neymar, em má fase no PSG. Sua atuação contra o Chile foi apenas razoável, mas ainda assim o Brasil conseguiu funcionar ofensivamente. 

Um sinal de que, diferentemente de outros tempos, a equipe de Tite não está tão dependente do talento de seu principal jogador.

Cada vez menos propenso às arrancadas que foram sua marca registrada no início da carreira, Neymar pode ajudar mais a seleção usando seu talento para armar o jogo e finalizar. Isso quer dizer soltar mais a bola. 

Ser mais coletivo. Menos virtuoso e mais objetivo. A companhia ao redor tem qualidade, merece esse voto de confiança.


Fonte: Agência Brasil

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