No fundo do mar no local onde ficava o gigantesco bloco de gelo foi encontrada uma grande diversidade de vida marinha, que pode incluir espécies até então desconhecidas

Profundezas: o tamanho dessa esponja sugere que comunidade esteja ativa há décadas, talvez até centenas de anos. — Foto: ROV SuBastian / Schmidt Ocean Insti
Porto Velho, RO - No dia 13 de janeiro deste ano, um iceberg de aproximadamente 510 quilômetros, chamado A-8, se desprendeu da plataforma de gelo George VI, uma das enormes geleiras flutuantes presas à camada de gelo da Península Antártica. E, no fundo do mar no local onde antes ele ficava, antes inacessível para os humanos, foi encontrada uma grande diversidade de vida marinha, que pode incluir espécies até então desconhecidas.
A descoberta foi feita por uma equipe internacional de cientistas – de Portugal, Reino Unido, Chile, Alemanha, Noruega, Nova Zelândia e Estados Unidos –, que estava trabalhando nas proximidades em um navio de pesquisa no Mar de Bellingshausen. Assim que o iceberg se soltou, os especialistas alteraram seus planos de para estudar a área.
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“Aproveitamos o momento, mudamos nosso plano de expedição e fomos em frente para podermos observar o que estava acontecendo nas profundezas abaixo”, disse a cochefe Patricia Esquete, do Centro de Estudos Ambientais e Marinhos (CESAM) e do Departamento de Biologia (DBio) da Universidade de Aveiro, de Portugal, em comunicado.
“Não esperávamos encontrar um ecossistema tão bonito e próspero. Com base no tamanho dos animais, as comunidades que observamos estão lá há décadas, talvez até centenas de anos.”
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“As plataformas de gelo estão entre os ambientes mais hostis e remotos do planeta e é extremamente difícil chegar por baixo delas. Até onde sei, esta é a primeira vez que um estudo abrangente e interdisciplinar como este foi concluído em um ambiente de subplataforma de gelo, para ver ecossistemas subaquáticos e comunidades do fundo do mar em tais níveis de detalhes. É bastante sem precedentes”, acrescentou o co-líder Aleksandr Montelli, da University College London, da Inglaterra.
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Usando um veículo subaquático operado remotamente (ROV) do Schmidt Ocean Institute, os cientistas observaram o fundo do mar por cerca de dez dias e encontraram ecossistemas florescentes em profundidades de até 1.300 metros. Suas observações incluem grandes corais e esponjas que sustentam uma variedade de vida animal, incluindo peixes-gelo, aranhas-do-mar gigante e, polvos.
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Ainda não se sabe como esse ecossistema, coberto por gelo de 150 metros de espessura por séculos, completamente isolados dos nutrientes da superfície, se alimenta. Uma hipótese é que as correntes oceânicas, que também movem nutrientes, podem ser um possível mecanismo para sustentar a vida no ambiente analisado.
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Perda de gelo
O fundo do mar antártico recentemente exposto também permitiu que a equipe internacional reunisse dados críticos sobre o comportamento passado da maior camada de gelo antártica, que vem encolhendo e perdendo massa nas últimas décadas devido às mudanças climáticas.
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A expedição coletou dezenas de núcleos de sedimentos, inúmeras amostras do fundo do mar e vastos mapas da região, que levarão alguns anos para serem totalmente analisados.
Também implantou veículos subaquáticos autônomos chamados planadores para estudar os impactos da água derretida glacial nas propriedades físicas e químicas da região. Dados preliminares sugerem alta produtividade biológica e um forte fluxo de água derretida da plataforma de gelo George IV.
“A perda de gelo da camada de gelo da Antártica é um grande contribuinte para o aumento do nível do mar em todo o mundo”, salientou Montelli. “Nosso trabalho é crítico para fornecer contexto de longo prazo dessas mudanças recentes, melhorando nossa capacidade de fazer projeções de mudanças futuras – projeções que podem informar políticas públicas. Sem dúvida, faremos novas descobertas à medida que continuamos a analisar esses dados vitais”, completou.
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