Concentradas em São Paulo, companhias preparam ativos em outros estados
Porto Velho, Rondônia - Se São Paulo concentra quase um terço da economia do Brasil, o estado é praticamente um monopólio no setor de data centers: 86% da capacidade nacional está localizada no mercado paulista, segundo dados da consultoria JLL. Mas a pujança do setor é tamanha que há projetos bilionários sobrando para diversos outros estados, sobretudo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, pulverizando a oportunidade representada pela IA.
— Barueri e Campinas, em São Paulo, concentram os data centers. Mas há uma tendência de expansão para outras capitais. Operadores do segmento procuram cada vez mais espaço em cidades como Brasília, Fortaleza e Recife. O Rio tem crescido em um ritmo especialmente forte. Em pouco tempo, saltou de pouco mais de 30 MW para 76 MW. E, daqui até 2026, o Rio deve dobrar sua capacidade — explica Bruno Porto, gerente da JLL responsável pela área de data centers.
Segundo a consultoria, há 103 MW em projetos em construção e planejados no Rio. Só no ano passado, o estoque cresceu 115%, com a entrada em operação da primeira unidade da Scala no estado (13,2 MW) e de um data center de 24 MW da Odata. Ambos estão em São João de Meriti, que, junto com outros municípios da Baixada Fluminense, concentra projetos do tipo. A razão é a Via Dutra, que corta a região e oferece atributos como terrenos relativamente baratos e disponibilidade de acesso à energia e fibra óptica.
O Rio tem uma vantagem competitiva em relação a outros estados: chega à Barra da Tijuca um dos três cabos submarinos que ligam o Brasil a outros continentes. Os dois restantes chegam em Santos (SP) e na Praia do Futuro, em Fortaleza. Não à toa, aliás, a capacidade dos data centers na capital cearense deve saltar de 20 MW para 82 MW em curto prazo.
— Estamos acrescentando nosso terceiro data center no Rio. E temos olhado para outros mercados, como o Nordeste em geral, Belo Horizonte e o Distrito Federal — conta Eduardo Carvalho, presidente para a América Latina da Equinix.
Capital estrangeiro
No Sul, a Scala anunciou um investimento de R$ 3 bilhões na construção de um data center de 54 MW em Eldorado do Sul, cidade da região de Porto Alegre que foi a mais atingida pelas enchentes. Mas a empresa e o governo estadual ostentam ambição superlativa: erguer uma “cidade de data centers” com capacidade eventual de 4.750 MW — seis vezes o total do Brasil hoje. O projeto levaria até 20 anos e dependeria de um investimento da ordem de US$ 50 bilhões.
Se os endereços dos ativos tendem a se pulverizar, o capital por trás deles está cada vez mais concentrado em firmas com capital estrangeiro. A Scala nasceu em 2019, quando o fundo americano Digital Bridge comprou os data centers do UOL; a Ascenty foi comprada pela também americana Digital Realty e pela canadense Brookfield; a Odata foi vendida pelo fundo brasileiro Pátria à Aligned, baseada — adivinhe onde? — nos EUA… E os principais clientes desses novos data centers são “big techs” como Google, Amazon e Microsoft.
Fonte: O GLOBO
Data center da Odata no Rio — Foto: Divulgação
— Barueri e Campinas, em São Paulo, concentram os data centers. Mas há uma tendência de expansão para outras capitais. Operadores do segmento procuram cada vez mais espaço em cidades como Brasília, Fortaleza e Recife. O Rio tem crescido em um ritmo especialmente forte. Em pouco tempo, saltou de pouco mais de 30 MW para 76 MW. E, daqui até 2026, o Rio deve dobrar sua capacidade — explica Bruno Porto, gerente da JLL responsável pela área de data centers.
Segundo a consultoria, há 103 MW em projetos em construção e planejados no Rio. Só no ano passado, o estoque cresceu 115%, com a entrada em operação da primeira unidade da Scala no estado (13,2 MW) e de um data center de 24 MW da Odata. Ambos estão em São João de Meriti, que, junto com outros municípios da Baixada Fluminense, concentra projetos do tipo. A razão é a Via Dutra, que corta a região e oferece atributos como terrenos relativamente baratos e disponibilidade de acesso à energia e fibra óptica.
O Rio tem uma vantagem competitiva em relação a outros estados: chega à Barra da Tijuca um dos três cabos submarinos que ligam o Brasil a outros continentes. Os dois restantes chegam em Santos (SP) e na Praia do Futuro, em Fortaleza. Não à toa, aliás, a capacidade dos data centers na capital cearense deve saltar de 20 MW para 82 MW em curto prazo.
— Estamos acrescentando nosso terceiro data center no Rio. E temos olhado para outros mercados, como o Nordeste em geral, Belo Horizonte e o Distrito Federal — conta Eduardo Carvalho, presidente para a América Latina da Equinix.
Capital estrangeiro
No Sul, a Scala anunciou um investimento de R$ 3 bilhões na construção de um data center de 54 MW em Eldorado do Sul, cidade da região de Porto Alegre que foi a mais atingida pelas enchentes. Mas a empresa e o governo estadual ostentam ambição superlativa: erguer uma “cidade de data centers” com capacidade eventual de 4.750 MW — seis vezes o total do Brasil hoje. O projeto levaria até 20 anos e dependeria de um investimento da ordem de US$ 50 bilhões.
Se os endereços dos ativos tendem a se pulverizar, o capital por trás deles está cada vez mais concentrado em firmas com capital estrangeiro. A Scala nasceu em 2019, quando o fundo americano Digital Bridge comprou os data centers do UOL; a Ascenty foi comprada pela também americana Digital Realty e pela canadense Brookfield; a Odata foi vendida pelo fundo brasileiro Pátria à Aligned, baseada — adivinhe onde? — nos EUA… E os principais clientes desses novos data centers são “big techs” como Google, Amazon e Microsoft.
Fonte: O GLOBO
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Economia