Demissões a pedido batem novo recorde. E mercado de trabalho pode começar a pressionar a inflação. Entenda

Demissões a pedido batem novo recorde. E mercado de trabalho pode começar a pressionar a inflação. Entenda

Demissões a pedido dos trabalhadores bateram novo recorde em julho — Foto: Davi Pinheiro / Governo do Ceará

Porto Velho, Rondônia - Há meses os analistas esperam o arrefecimento do mercado de trabalho no segundo semestre, mas a renovação do recorde de demissões a pedido em julho, 747.164, indicam o contrário. Os cinco maiores volumes de pedidos de demissões, da série histórica iniciada em janeiro de 2020, foram atingidos neste ano. Antes de julho, os picos foram registrados em abril, quando houve 740.778 pedidos de desligamento pelos trabalhadores, março (728.344), maio (710.199) e janeiro (705.059). 

De janeiro a julho, são contabilizados 5.011.879 desligamentos dessa natureza, número 15,8% maior do que o registrado no mesmo período de 2023. E como mostramos aqui no blog, a maioria dos trabalhadores que pediu demissão, mostra pesquisa do Ministério do Trabalho, já conseguiu emprego e ainda ganhando melhor. 

Não à toa a renda média do brasileiro está crescendo. E isso é bom. No entanto, Janaina Feijó, pesquisadora do FGV Ibre, avalia que esse dado pode ser mais um indicador a pressionar a inflação. Até aqui o mercado de trabalho ainda não mostrava claro reflexo sobre a taxa.

- Todo mês a expectativa é de vai arrefecer esse fenômeno, mas isso não tem acontecido o que mostra que o mercado está mais aquecido do que se pensava. O PIB do segundo trimestre mostrou isso. O emprego formal foi impulsionado pelo crescimento da indústria que aumentou significativamente a contratação. São empregos formais e com salários mais alto. 

A expectativa para o segundo semestre é que o mercado de trabalho se estabilize, ande de lado. Mas o fato é que a expansão dos salários e a falta de mão de obra já registrada por alguns setores pode pressionar a inflação. As empresas precisam pagar mais para contratar e isso é repassado para o preço - explica Janaina.

De outro lado, há 1,7 milhões de brasileiros há mais de dois anos procurando emprego, o que parece uma incongruência, já que há postos vagos. Esse fenômeno, diz Janaina, pode ser explicado por um gargalo antigo do país: a qualificação.

- O problema é que normalmente não há um match entre o que a economia precisa e a formação da mão de obra. Esse é um problema histórico brasileiro - diz a pesquisadora.


Fonte: O GLOBO

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