Líder do União Brasil insiste em candidatura à presidência da Casa, mas sem prestígio do apoio de líder do Centrão, que é seu amigo pessoal
Porto Velho, Rondônia - O gesto de apoio de Arthur Lira (PP-AL) a Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo na presidência da Câmara dos Deputados, depois de uma reunião nesta quarta-feira (11) com lideranças de sete partidos, sepultou as chances de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e causou uma revolta do aliado histórico.
Nos bastidores, Elmar tem acusado Lira de traição e se declarado disposto a se vingar, mantendo a candidatura e atuando para minar a força política de Motta. Mas não é a primeira vez que Elmar tenta se cacifar para disputar a Câmara e acaba preterido por um presidente da Casa.
Em 2021, Elmar rompeu ruidosamente com Rodrigo Maia (DEM-RJ), que era seu aliado e estava à frente da Câmara havia cinco anos. Depois de meses de indefinição, Maia escolheu Baleia Rossi (MDB-SP) como seu candidato, em uma aliança com um amplo bloco de partidos.
A decisão tomada no final de 2020 e durante o recesso da Câmara, provocou um racha entre os grupos que disputavam a preferência de Maia e abriu espaço para fortalecer a candidatura de Arthur Lira (PP). O deputado de Alagoas corria por fora com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro, que considerava Maia seu inimigo político.
Depois disso, Elmar disse em uma entrevista que não queria mais “ relação” com o presidente da Câmara, de quem se considerava “o cara mais chegado”. Os dois até hoje não se dão.
Foi aí que o deputado baiano contrariou a orientação do próprio partido, o DEM, e embarcou na campanha de Lira, que venceu no primeiro turno com 302 votos contra 145 de Baleia Rossi. O placar foi garantido por uma série de traições costuradas por Elmar e levaram a um racha no DEM, que se fundiu ao PSL para formar o atual União Brasil.
A partir daí, Elmar e Lira se aproximaram ainda mais e firmaram uma espécie de sociedade durante os dois últimos biênios. Lira se reelegeu com a maior margem da história da Câmara em 2023, já com Lula na Presidência da República.
Nos dois mandatos do aliado presidente, Elmar assumiu relatórios de projetos relevantes como a privatização da Eletrobras, a PEC da Transição em 2022 e a regulamentação do programa Desenrola do Ministério da Fazenda, já visando se cacifar para a sucessão.
Nos últimos meses, já se considerando o preferido de Lira, Elmar promoveu uma campanha regada a viagens e eventos para deputados e potenciais eleitores – segundo ele, bancados pelo próprio dinheiro. No roteiro estiveram jantares em Brasília, camarote com tudo pago no carnaval de Salvador e um réveillon de cinco dias em um resort de luxo situado em uma ilha privada na Bahia que teve Elmar como anfitrião, como revelamos no blog em janeiro deste ano.
A reviravolta na disputa pela presidência da Casa veio na semana passada, quando o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), entendeu que não conseguiria consenso em torno de seu nome e desistiu em favor do correligionário Hugo Motta, depois de uma costura de bastidores que envolveu Lira e o Palácio do Planalto.
Mas, diferentemente de 2021, quando embarcou na canoa de Lira contra Maia, Elmar Nascimento afirma que se mantém candidato mesmo sem o apoio do presidente da Câmara – pelo menos até agora.
Nesta semana, ele firmou um acordo com Antonio Brito e o PSD que prevê uma composição entre os candidatos mais à frente, quando ficar claro qual dos dois tem maior viabilidade de forçar um segundo turno contra Hugo Motta. Mas há em Brasília quem aposte que o acerto não chegará a 2025 caso Motta seja ungido como o candidato do consenso.
Lira já enviou recados de que pretende selar a paz com Elmar. Mas por enquanto, o ex-aliado continua se movimentando como se fosse manter a candidatura. Adversário histórico do PT na Bahia, ele tenta aparar as arestas com os setores do partido que vetaram sua ida para o os ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional neste terceiro mandato de Lula.
Elmar também esteve com o presidente Lula na última quinta-feira para garantir que não seria um candidato hostil ao governo.
Mas sem o prestígio de Arthur Lira, a vida do deputado que, até semana passada, se considerava o favorito na corrida, será tão ou mais difícil do que em 2021. Elmar estava convencido de que Lira não repetiria Maia, mas errou mais uma vez.
Fonte: O GLOBO
O líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (BA), à esq., e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) — Foto: Fotos de Cristiano Mariz/O Globo e Brenno Carvalho/O Globo
Nos bastidores, Elmar tem acusado Lira de traição e se declarado disposto a se vingar, mantendo a candidatura e atuando para minar a força política de Motta. Mas não é a primeira vez que Elmar tenta se cacifar para disputar a Câmara e acaba preterido por um presidente da Casa.
Em 2021, Elmar rompeu ruidosamente com Rodrigo Maia (DEM-RJ), que era seu aliado e estava à frente da Câmara havia cinco anos. Depois de meses de indefinição, Maia escolheu Baleia Rossi (MDB-SP) como seu candidato, em uma aliança com um amplo bloco de partidos.
A decisão tomada no final de 2020 e durante o recesso da Câmara, provocou um racha entre os grupos que disputavam a preferência de Maia e abriu espaço para fortalecer a candidatura de Arthur Lira (PP). O deputado de Alagoas corria por fora com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro, que considerava Maia seu inimigo político.
Depois disso, Elmar disse em uma entrevista que não queria mais “ relação” com o presidente da Câmara, de quem se considerava “o cara mais chegado”. Os dois até hoje não se dão.
Foi aí que o deputado baiano contrariou a orientação do próprio partido, o DEM, e embarcou na campanha de Lira, que venceu no primeiro turno com 302 votos contra 145 de Baleia Rossi. O placar foi garantido por uma série de traições costuradas por Elmar e levaram a um racha no DEM, que se fundiu ao PSL para formar o atual União Brasil.
A partir daí, Elmar e Lira se aproximaram ainda mais e firmaram uma espécie de sociedade durante os dois últimos biênios. Lira se reelegeu com a maior margem da história da Câmara em 2023, já com Lula na Presidência da República.
Nos dois mandatos do aliado presidente, Elmar assumiu relatórios de projetos relevantes como a privatização da Eletrobras, a PEC da Transição em 2022 e a regulamentação do programa Desenrola do Ministério da Fazenda, já visando se cacifar para a sucessão.
Nos últimos meses, já se considerando o preferido de Lira, Elmar promoveu uma campanha regada a viagens e eventos para deputados e potenciais eleitores – segundo ele, bancados pelo próprio dinheiro. No roteiro estiveram jantares em Brasília, camarote com tudo pago no carnaval de Salvador e um réveillon de cinco dias em um resort de luxo situado em uma ilha privada na Bahia que teve Elmar como anfitrião, como revelamos no blog em janeiro deste ano.
A reviravolta na disputa pela presidência da Casa veio na semana passada, quando o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), entendeu que não conseguiria consenso em torno de seu nome e desistiu em favor do correligionário Hugo Motta, depois de uma costura de bastidores que envolveu Lira e o Palácio do Planalto.
Mas, diferentemente de 2021, quando embarcou na canoa de Lira contra Maia, Elmar Nascimento afirma que se mantém candidato mesmo sem o apoio do presidente da Câmara – pelo menos até agora.
Nesta semana, ele firmou um acordo com Antonio Brito e o PSD que prevê uma composição entre os candidatos mais à frente, quando ficar claro qual dos dois tem maior viabilidade de forçar um segundo turno contra Hugo Motta. Mas há em Brasília quem aposte que o acerto não chegará a 2025 caso Motta seja ungido como o candidato do consenso.
Lira já enviou recados de que pretende selar a paz com Elmar. Mas por enquanto, o ex-aliado continua se movimentando como se fosse manter a candidatura. Adversário histórico do PT na Bahia, ele tenta aparar as arestas com os setores do partido que vetaram sua ida para o os ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional neste terceiro mandato de Lula.
Elmar também esteve com o presidente Lula na última quinta-feira para garantir que não seria um candidato hostil ao governo.
Mas sem o prestígio de Arthur Lira, a vida do deputado que, até semana passada, se considerava o favorito na corrida, será tão ou mais difícil do que em 2021. Elmar estava convencido de que Lira não repetiria Maia, mas errou mais uma vez.
Fonte: O GLOBO
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POLÍTICA