Família Reis acumula atritos no MDB e vê domínio em Caxias sob ameaça

Família Reis acumula atritos no MDB e vê domínio em Caxias sob ameaça

Washington Reis tenta intervir em eleição de Belford Roxo como retaliação ao União Brasil, mas partido e Justiça discordam

Washington Reis — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

Porto Velho, Rondônia - Capitaneada pelo secretário estadual de Transportes e presidente estadual do MDB, Washington Reis, a família Reis trava uma queda de braço com outros caciques do partido em diferentes cidades do Rio e vê seu protagonismo ameaçado na Baixada Fluminense. O novo capítulo envolve Belford Roxo, município no qual o ex-prefeito de Duque de Caxias tenta agora intervir — uma forma de retaliação à postura do União Brasil em seu reduto político.

Chefiado no estado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, o União manteve em Caxias a candidatura de Celso do Alba, espécie de terceira via numa eleição que tem Netinho Reis (MDB), sobrinho de Washington, com dificuldades contra o líder das pesquisas, o ex-prefeito Zito (PV). A fim de dar o troco, o presidente do MDB tenta colocar o comerciante Marquinho da Farmácia para atrapalhar Márcio Canella (União) em Belford Roxo, na contramão do que decidiu em convenção partidária a própria sigla comandada por Washington.

Além de a executiva estadual ter desautorizado a ideia de reverter o que foi decidido na convenção, a Justiça entrou em cena. Um juiz de Belford Roxo negou nesta semana o movimento do ex-prefeito de Caxias, que promete recorrer.

— Posso garantir que o partido não vai caminhar com o Canella. Surgiu uma candidatura própria e vamos seguir com ela — diz.

A dificuldade de Washington em movimentar o tabuleiro político na região pode ser atribuída a um entrevero ainda maior, que passa por uma disputa de quem realmente dá as cartas por lá. Na divisão de forças internas do partido, Belford Roxo teria sido designada a outro clã poderoso, o dos Picciani, e o apoio a Márcio Canella foi firmado por Leonardo Picciani, hoje secretário nacional de saneamento no governo Lula. Caso colocasse um novo nome no pleito, o presidente do partido passaria por cima do acordo, acusam emedebistas insatisfeitos com a postura dele.

Para integrantes da sigla, a postura “centralizadora” de Washington tem desagradado. Na eleição da capital fluminense, por exemplo, o apoio do MDB a Alexandre Ramagem (PL) foi um movimento do dirigente que não encontra ressonância em outros quadros relevantes da legenda: muitos vão fazer campanha para Eduardo Paes (PSD), como o deputado federal Otoni de Paula e candidatos a vereador, e outros manterão neutralidade.

Caxias

O revés em Belford Roxo reforça o medo do clã Reis de perder o domínio do segundo maior colégio eleitoral do estado, onde o ex-prefeito Zito lidera as pesquisas e a avaliação do governo de Wilson Reis (MDB), tio de Washington, não é das melhores. Wilson assumiu a prefeitura em 2022, quando o sobrinho tentou ser vice na chapa do governador Cláudio Castro (PL), mas acabou impedido pela Justiça Eleitoral devido a uma condenação por crime ambiental.

Das três pesquisas Quaest feitas em municípios da Baixada, a de Caxias é a que mostra maior dificuldade para o representante da máquina. Não só pela liderança do adversário Zito (PV) — que tem 40%, enquanto Netinho aparece com 23% —, mas sobretudo por conta da má avaliação do atual governo. Apenas 16% o consideram positivo, 32% o avaliam como regular e 35% acham a gestão negativa. Já 17% não sabem responder.

Além de Washington, do atual prefeito de Caxias e do pré-candidato Netinho, a família Reis tem dois irmãos do ex-prefeito em cargos eletivos: o deputado federal Gutemberg Reis e o estadual Rosenverg Reis, os dois do MDB.

(*estagiário sob supervisão de Luã Marinatto)


Fonte: O GLOBO

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