Fenômeno tem explicações baseadas na mecânica celeste, que consiste no movimento natural da Terra
— O conceito básico se dá principalmente devido à inclinação da Terra. Então, devido a essa inclinação, há uma historinha de o sol nascer e se pôr. Isso se deve às estações — detalha a meteorologista Andrea Ramos. A inclinação do eixo terrestre, associada ao movimento de translação da Terra, também é o que explica, por exemplo, por que o sol nasce em diferentes pontos do horizonte ao longo do ano.
Conforme o inverno se aproxima, a tendência é que os períodos de luz solar fiquem cada vez mais curtos no hemisfério sul. Não por acaso, o dia 21 de junho, que marca o começo da estação mais fria, é também o de menor duração o ano — o chamado solstício de inverno. No solstício de verão, em dezembro, ocorre o oposto (vale lembrar que no hemisfério norte a dinâmica é inversa).
O ajuste entre o tempo do relógio e o tempo solar não é simétrico em torno do solstício de inverno. Após o solstício, o ganho de luz do dia ocorre mais no pôr do sol do que no nascer do sol inicialmente. Essas rotações se ajustam gradualmente, mas, no começo, contribui para que o sol pareça nascer mais tarde, mesmo que os dias estejam se alongando.
Também é importante compreender que a Terra realiza uma rotação em torno de seu eixo em cerca de 24 horas, embora essa duração seja uma média e não uma constante precisa. Na realidade, o planeta completa uma rotação em aproximadamente 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, o chamado dia sideral.
Além disso, a órbita da Terra não é um círculo perfeito, mas uma elipse. Isso significa que sua velocidade varia ao longo do ano. Quando a Terra está mais próxima do Sol, no periélio (que ocorre em janeiro), ela se move mais rapidamente; quando está mais distante, no afélio (em julho), mais lentamente.
Essa variação de velocidade faz com que o intervalo entre o meio-dia solar (quando o Sol está no ponto mais alto do céu) e o meio-dia do relógio não seja constante ao longo do ano, o que também ajuda a explicar as durações distintas dos períodos com luz solar. De todo modo, nossos relógios são ajustados para um tempo médio que não leva em conta essas pequenas variações diárias. Isso significa que, durante o inverno, eles correm um pouco adiantados em relação ao Sol e, no verão, um pouco atrasados.
Impactos na vida cotidiana
Isabelle Valente, estudante de 23 anos, acorda cedo todos os dias para ir ao estágio, pois mora longe, e recentemente notou que o sol tem realmente nascido mais tarde.
— Ultimamente, tenho notado que o nascer do sol, especialmente durante o outono, ocorre mais tarde do que durante o verão. À medida que o inverno se aproxima, percebo que os dias começam ainda mais tarde — descreve.
A jovem também notou diferença com o sol se pondo mais cedo:
— Percebi que o anoitecer está chegando mais cedo. Agora, praticamente escurece antes das 18h. No verão, os dias são mais longos, e às vezes o sol se põe quase às 19h, o que não acontece agora, no outono e próximo do inverno.
Gabrielle de Araujo Ferreira, de 22 anos, também compartilha sua percepção de que o sol se põe mais cedo no outono.
— No verão, o sol nasce mais cedo e se põe muito mais tarde, então dá a sensação de que o dia tem muito mais horas — comenta a jovem. — Agora, por volta das 17h30 ou 18h, já não há mais sol, e está começando a escurecer. Parece que o dia já acabou e passa muito mais rápido do que o normal, o que é terrível para mim, já que sou uma pessoa diurna.
(*estagiário sob supervisão de Luã Marinatto)
Fonte: O GLOBO
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