Insatisfeitos com alianças definidas pela direção nacional, petistas ensaiam apoio informal ao PSOL em quatro capitais

Insatisfeitos com alianças definidas pela direção nacional, petistas ensaiam apoio informal ao PSOL em quatro capitais

Movimento ocorre no Rio de Janeiro, em Curitiba, no Recife e em Salvador

Porto Velho, Rondônia - Após a direção nacional do PT ter indicado que não deve apresentar candidatura própria em parte das capitais brasileiras, a militância do partido em pelo menos quatro delas ensaia um apoio informal a pré-candidatos do PSOL, mais à esquerda do espectro político. O movimento ocorre no Rio de Janeiro, em Curitiba, no Recife e em Salvador.

Na capital pernambucana, João Campos (PSB) é favorito à reeleição e já comunicou a Lula que não irá compor com o PT. Nesta semana, o prefeito exonerou dois secretários que são cotados para o posto — Victor Marques (PCdoB) e Marília Dantas (MDB).

Apesar de não ter sido ainda anunciado, o acordo entre Campos e PT deve prevalecer, mesmo sem a posição na chapa. Dirigentes, contudo, apontam que irá se repetir o “fenômeno Danilo Cabral”, em alusão ao candidato do PSB ao governo do estado em 2022.

Embora ele tenha sido o nome oficial da sigla, a maior parte dos petistas fez campanha para a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade). Neste ano, a aposta é a líder da oposição na Assembleia Legislativa, Dani Portela (PSOL), que tem como principal diferença para o prefeito um plano de governo com enfoque em políticas públicas para mulheres e negros.

— A base mais à esquerda não vota no João Campos. Acho que ele terá o apoio oficial, mas a tendência é a base migrar para o PSOL — diz o deputado estadual João Paulo (PT).

‘Nunca foi aliado’

Outro pessebista é rechaçado por petistas em Curitiba (PR): o deputado federal Luciano Ducci. Na cidade, os parlamentares Zeca Dirceu e Carol Dartora ainda recorrem internamente na esperança de concorrer, apesar de o martelo já ter sido batido pela direção nacional. Neste contexto, surge como alternativa o nome da professora psolista Andrea Caldas.

— Ducci nunca foi nosso aliado — frisa Zeca Dirceu.

Já em Salvador, na Bahia, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) foi o nome escolhido pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) para disputar contra o aliado de ACM Neto na capital, o atual prefeito Bruno Reis (União Brasil). Apesar do apoio de petistas de peso como o senador Jaques Wagner e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, Geraldinho, como é conhecido, vê a militância preferir o cientista social Kleber Rosa (PSOL).

Recentemente, um vídeo de 2018 assombrou a vida do vice-governador. Na gravação, ele aparece ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem se refere como “meu amigo”.

— Até as pedras mudam, mas eu tenho um líder nacional que é o presidente Lula — defendeu-se Geraldo em abril.

Na capital fluminense, a sigla ainda não fechou questão, mas caminha para uma aliança com o candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD). A decisão partidária leva em conta o fato de o gestor carioca ser favorito na disputa e o único prefeito do Sudeste que esteve com o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.

Uma ala mais ideológica, encabeçada pelo deputado federal Lindbergh Farias, contudo, já declarou que estará com o também parlamentar Tarcísio Motta (PSOL). Os argumentos para não estar com Paes giram em torno de sua postura pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, uma vez que seus aliados votaram pela perda de mandato, e o diálogo com partidos de centro.

O recente andamento do caso da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018, contribuiu ainda mais para o desarranjo. Até um mês antes de sua prisão, o deputado federal Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do crime, chefiava a Secretaria Municipal de Ação Comunitária.

— Se nem a vice Eduardo quer dar para o PT, ele mostra que a candidatura não é de esquerda — pontua Tarcísio Motta, sobre as tentativas do partido, até agora frustradas, de indicar o vice da chapa.

Cenário inverso

Tido como o prefeito mais mal avaliado do país, Edmilson Rodrigues (PSOL) vive cenário inverso em Belém (PA). Ele tem o apoio formal do PT, que hoje ocupa a vice-prefeitura e três secretarias, mas não é consenso dentro do partido.

Parte do quadro pressiona para que a sigla desembarque do governo e siga o direcionamento do governador Helder Barbalho (MDB), que lançou o ex-secretário estadual de Cidadania, Igor Normando.

— Belém é difícil de governar. Quem está no governo sempre acaba com rejeição — minimiza o deputado federal Airton Faleiro (PT).


Fonte: O GLOBO

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