Há 7.165 pessoas em abrigos e outras 17.087 estão desalojadas. No total, são 351.639 afetados e 56 feridos nesta manhã
Porto Velho, RO.
O governador Eduardo Leite (PSDB) decretou calamidade pública no estado
e fez um apelo para moradores de áreas de risco: "Saiam de suas casas e
busquem locais seguros", alertou, em vídeos oficiais
Em uma
destruição considerada sem precedentes no Rio Grande do Sul, as fortes
chuvas que atingem o estado deixaram ao menos 31 mortos desde
segunda-feira (29).
De acordo com a Defesa Civil estadual, 235
municípios foram afetados pela chuva. Há 7.165 pessoas em abrigos e
outras 17.087 estão desalojadas. No total, são 351.639 afetados e 56
feridos nesta manhã.
A falta de acesso, somada às condições
climáticas, dificulta o resgate e o restabelecimento de energia elétrica
para mais de 320 mil imóveis, segundo os balanços das concessionárias
RGE e CEEE Equatorial. A concessionária Corsan diz que cerca de 542 mil
clientes estão sem abastecimento de água.
O governador Eduardo
Leite (PSDB) decretou calamidade pública no estado e fez um apelo para
moradores de áreas de risco: "Saiam de suas casas e busquem locais
seguros", alertou, em vídeos oficiais.
A orientação para
evacuação abrangia na madrugada de quarta (1º) cidades do vale do
Taquari, como Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado
e Lajeado. Nesta quinta (2), o aviso foi estendido para moradores das
cidades serranas que estejam próximos ao rio Caí, como as turísticas
Gramado e Canela, além de São Francisco de Paula, Nova Petrópolis, Vale
Real e Feliz.
Em Estrela e Lajeado, o nível do rio Taquari
passou, pela primeira vez, a marca dos 30 metros –o nível ultrapassa as
enchentes de 2023 e 1941, segundo o MetSul.
Em Putinga, também na
região do Taquari, uma casa foi arrastada pela força da enxurrada na
quarta-feira. A cidade pode sofrer ainda mais inundações com o risco de
rompimento da barragem de Santa Lúcia, capaz de alagar toda a área
central.
A prefeitura anunciou que um duto extravasor foi
ampliado para aumentar a vazão e não forçar a estrutura da barragem, que
está no limite máximo de armazenamento.
A barragem 14 de Julho,
localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, às margens do rio das
Antas, se rompeu parcialmente na tarde desta quinta. Como o nível do rio
já estava elevado, os efeitos não devem ser de enxurrada, na avaliação
do governo. "O nível do rio já estava muito elevado", disse Leite. "Já
tínhamos feito evacuação de pessoas em algumas localidades e ainda
tentamos dar apoio aéreo."
A estrutura pertence a um complexo de
geração de energia. A Aneel e o ONS (Operador Nacional do Sistema)
acompanham a situação de outras cinco barragens do tipo.
Por
volta das 16h50, a Defesa Civil estadual emitiu um alerta à população de
Bento Gonçalves e Pinto Bandeira para o risco de rompimento da represa
de São Miguel.
Segundo Leite, as operações de resgate são
dificultadas em muitos pontos em razão do clima. Durante a semana,
aeronaves de Santa Catarina e São Paulo tiveram problemas para entrar no
espaço aéreo gaúcho.
Em municípios como Putinga e Cotiporã, os
ventos e chuvas prejudicaram a chegada de helicópteros. "[Há] Todo o
esforço no sentido de levar aeronaves para esta região, mas infelizmente
as condições climáticas não tem permitido que a gente acesse essa
localidade", disse o governador.
Na terça-feira (30), as
primeiras operações aéreas foram feitas próximas a Sinimbu e Candelária,
e a Defesa Civil havia pedido à população que se possível fizesse
sinalizações luminosas para facilitar a identificação dos pontos de
resgate. Militares da FAB (Força Aérea Brasileira) estão usando óculos
de visão noturna para o resgate de vítimas das enchentes.
Ao
menos 110 pessoas haviam sido resgatadas até a manhã de quinta-feira,
dentre elas oito pacientes de hemodiálise, duas gestantes e uma criança
de dois anos em estado crítico que estava hospitalizada em Faxinal do
Soturno e foi encaminhada para Santa Maria.
Em São Sebastião do
Caí, o aposentado Osmar dos Santos Tomás, 81, foi retirado pelos
bombeiros após ficar ilhado no segundo andar de casa. O barco de resgate
encostou em uma parte alta da cerca da casa para conseguir alcançar o
idoso.
O resto da família havia deixado a casa na quarta, ele
preferiu ficar, mas precisou sair após o aumento da inundação. "A gente
ficou sem comida, porque está tudo fechado e a gente não se preveniu,
porque quando nos demos conta os mercados já estavam recolhendo tudo."
Agentes
do exército na cidade fizeram a última leva de transporte de
desabrigados no começo da tarde. O rio Caí atingiu a marca de 17,01 m às
16h30. Como o leito segue subindo, as operações agora vão ocorrer por
via aérea ou embarcações.
De acordo com a Defesa Civil estadual, a
chuva provoca danos em 154 municípios e afeta 71.306 pessoas. Às 18h
desta quinta eram 139 trechos em 60 rodovias com bloqueios totais e
parciais, entre estradas e pontes.
Somente a TIM afirmou que há
não consegue fornecer internet e telefonia para 84 municípios. Vivo e
Claro dizem que o problema atinge 48 cidades.
Todas as 2.338
escolas estaduais do Rio Grande do Sul suspenderam as aulas. Ao todo,
494 unidades no estado foram afetadas (danificadas, servindo de abrigo,
com problemas de transporte, de acesso e outros).
SOB RISCO DE ENCHENTE, PORTO ALEGRE FECHA COMPORTAS DO GUAÍBA
Com
a previsão de aumento do nível das águas do lago Guaíba ao longo dos
próximos dias, a Prefeitura de Porto Alegre deu início na manhã desta
quinta-feira (2) à operação de fechamento das comportas da cidade.
O
nível de alerta para a região do centro histórico é de 2,5 metros,
sendo 3 m para inundação. Às 9h30, a estação hidrológica da Sala de
Situação da Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) marcava 2,63 m.
A
região das ilhas do município devem ser as mais afetadas pelas cheias,
já que a inundação nesta região ocorre após o nível do rio atingir 2,2
m.
De acordo com o governo, por volta das 20h30 desta quinta o
nível de água do Guaíba já havia igualado os 3,46 metros da enchente de
setembro do ano passado e subia, em média, 8 centímetros por hora.
Assim, a estimativa é que ele chegue a 4 metros durante a madrugada
desta sexta (3) e há a expectativa que alcance 5 metros no fim da tarde.
"Teremos
a elevação do [rio] Guaíba num patamar que nunca vimos e vamos precisar
que as pessoas se coloquem em situações de segurança", afirmou o
governador Leite. Ele comparou a situação atual com a enchente de 1941,
apontada como a maior da história, quando o Guaíba chegou a 4,75 metros.
O
coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, Evaldo Rodrigues de
Oliveira Júnior, alerta que o local está sob risco e a remoção de
famílias das zonas de risco do bairro Arquipélago é prioritária.
"É
de suma importância que as pessoas compreendam que devem buscar um
lugar seguro. Seja a casa de familiares, ou as estruturas da
prefeitura", diz. "Já as famílias que estão longe das áreas de risco
devem priorizar ficar nas suas residências."
Fonte: Folhapress