Metade dos paulistanos acredita que segurança pública piorou em SP, indica pesquisa

Metade dos paulistanos acredita que segurança pública piorou em SP, indica pesquisa

De acordo com Instituto Travessia, em levantamento exclusivo para O GLOBO, percepção dos moradores da capital é de aumento da região da Cracolândia

Porto Velho, Rondônia - Metade dos moradores da capital paulista acredita que a segurança no Centro da cidade piorou nos últimos dois meses, de acordo com uma pesquisa do Instituto Travessia feita com exclusividade para O GLOBO com foco nas eleições de São Paulo. Apenas 10% notaram alguma melhora na região, enquanto 35% afirmam que a situação permaneceu igual durante esse período.

Na pesquisa, realizada nos dias 15 e 16 de maio com mil pessoas, a percepção de declínio na segurança é numericamente maior entre os residentes do Centro, com 55% relatando uma piora desde março. De acordo com os dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o número de roubos caiu 6,7% em 2023 na capital, enquanto os furtos aumentaram 6,53%. A cidade teve mais de 380 mil crimes dessa natureza registrados no ano passado.

A sensação de insegurança foi intensificada pelo modus operandi violento do crime, com destaque para a atuação das chamadas gangues “quebra-vidro”. Episódios de grande repercussão, como o arrastão em uma farmácia do centro em plena luz do dia, no ano passado, também contribuíram para aumentar a preocupação dos paulistanos com o tema.

Percepção dos paulistanos — Foto: Editoria de Arte

Uma das respostas do poder público a esse cenário foi a adoção de fuzis pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), a partir de 2021, pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição. A medida recebe o apoio de 48% dos moradores, enquanto 45% se opõem e 7% não opinaram.

— As pesquisas qualitativas mostram que a sensação de insegurança no Centro não é só resultado dos índices de roubo e furto. Há uma percepção de que a região está desorganizada e esvaziada, o que contrasta com o Centro movimentado de antes — explica Renato Dorgan, CEO do Travessia. — As imagens de pessoas invadindo lojas, fazendo arrastão e quebrando carros dão uma sensação de pânico.

A pesquisa quantitativa tem uma margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%.

Cracolândia

Além da segurança, a pesquisa do Travessia revelou uma impressão negativa dos paulistanos sobre a Cracolândia: oito em cada dez moradores tem um percepção de crescimento da região nos últimos 12 meses.

Ao lançar sua pré-campanha, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) atacou Nunes ao afirmar que seu legado era ter “espalhado a Cracolândia pelo Centro inteiro”. Já a deputada Tabata Amaral (PSB), outra pré-candidata, declarou ao GLOBO que não há “resposta fácil” para a região, e defendeu um “trabalho ostensivo”, sem dar detalhes.

Há divergências entre os paulistanos sobre quem deve resolver a Cracolândia. Enquanto quase metade (44%) atribui essa responsabilidade à prefeitura, outra parcela aponta os governos estadual (23%) e federal (26%) como os incumbidos dessa tarefa. Procurados, prefeitura e governo do estado não se pronunciaram.

A internação compulsória de usuários de drogas, por outro lado, encontra apoio massivo entre a população, com 78% se declarando favorável. Em entrevista ao GLOBO, o atual prefeito diz considerar a medida “absolutamente necessária”.

Ao abordar a orientação política, a pesquisa revelou que 23% da população se identifica como de “direita”, 17% como de “centro” e 12% como de “esquerda”. A maioria (40%), no entanto, não está alinhada a nenhum dos lados do espectro político.

Ao analisar as políticas públicas de apoio à comunidade LGBTQIAP+, 52% dos paulistanos se dizem favoráveis, 14% são contra e 34% não têm opinião.

Serviços básicos

A privatização da Sabesp, uma das bandeiras do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apoiada por 43% dos moradores da capital e rejeitada por 48%. A maioria (55%) acredita que a conta de água vai ficar mais cara após a venda da companhia, enquanto 20% creem na redução, como promete o governo.

A avaliação do CEO da Travessia é a correlação que a população faz entre a privatização da Sabesp com a da companhia elétrica, atualmente sob o controle da Enel e motivo de “trauma” para os paulistanos.

— Como a conta de água é muito próxima à da luz, uma privatização dá a sensação, principalmente aos munícipes das classe C e D, que o valor vai aumentar e vai ter as mesmas injustiças da Enel — explica Dorgan. — Para 70% dos paulistanos, a Enel é culpada pelos apagões. Ela virou uma vilã.


Fonte: O GLOBO

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