Com julgamento de Donald Trump em fase final, confira os possíveis cenários de um veredito

Com julgamento de Donald Trump em fase final, confira os possíveis cenários de um veredito

Tribunal Criminal de Nova York precisa chegar a uma decisão unânime, e eventual condenação não impediria candidatura do republicano à Presidência

Porto Velho, Rondônia - O julgamento histórico de Donald Trump em Nova York está cada vez mais próximo do fim, com as alegações finais diante dos jurados, que deverão decidir nesta quarta-feira sobre o que pode ser a primeira condenação penal de um ex-presidente dos EUA. E a menos de seis meses dos eleitores decidirem se Trump voltará à Casa Branca, muitos se questionam sobre os possíveis vereditos, e de que forma isso pode impactar a vida do magnata.

Trump está sendo acusado de falsificar registros contábeis para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels sobre um encontro sexual que teriam tido em 2006, e que poderia ter causado danos à sua candidatura em 2016. Caso seja declarado culpado, pode ser condenado a até quatro anos de prisão para cada uma das 34 acusações, mas especialistas dizem que, por não ter antecedentes, é pouco provável que vá preso.

Em um detalhe importante, a eventual condenação não impediria que ele aparecesse nas cédulas em novembro contra o democrata Joe Biden. Culpado ou inocente, a decisão vai sacudir os Estados Unidos.

O que o júri deve decidir?

Durante a fase de depoimentos, os jurados escutaram Stormy Daniels contar em detalhes seu encontro e a relação sexual que ela afirma ter tido com o bilionário em 2006. Além da confissão do ex-advogado e homem de confiança de Trump, Michael Cohen, que assegurou que o ex-mandatário aprovou o pagamento de US$ 130 mil (R$ 672.464,00) à atriz para abafar o episódio na reta final da campanha eleitoral de 2016. Ambas as versões foram negadas pela defesa.

O júri não deve deliberar, no entanto, se a relação ocorreu ou não, mas sim se o pagamento foi legal ou não. Com isso, deve determinar apenas se o republicano é culpado de 34 falsificações de documentos visando a reembolsar Cohen, ao longo de 2017, o pagamento que ele fez a Daniels.

Segundo a Promotoria, as dezenas de acusações se materializaram por meio de notas falsas, cheques (alguns assinados pelo réu) e registros falsos na contabilidade da Trump Organization. A acusação alega fraude eleitoral, ao considerar que a quantia milionária usada para ocultar a informação aos eleitores constitui um gasto ilegal de campanha. Segundo John Coffee, professor de Direito da Universidade de Columbia, é provável que esse argumento "incomode alguns jurados".

Possíveis vereditos

A decisão precisa ser unânime, independente de favorável ou contrária ao ex-presidente. Mas outro cenário também é possível: os 12 jurados podem deixar um registro de discordância, o julgamento seria declarado nulo e Trump sairia vitorioso, ao menos temporariamente. Depois, exceto se os promotores de Manhattan retirassem as acusações, o magnata seria levado outra vez aos tribunais.

Caso isso realmente ocorra, resta definir se uma nova corte seria marcada para antes ou depois das eleições de 5 de novembro. Algo que pode atribular ainda mais a corrida eleitoral, que já promete fortes emoções para os próximos meses.

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, com o advogado Todd Blanche durante uma das sessões de julgamento. — Foto: Mark Peterson / POOL / AFP

Para considerar um réu criminalmente culpado, a lei dos EUA exige que todos os jurados estejam convencidos de um mesmo veredito. Ou seja, basta que apenas um dos jurados se recuse a condenar o 45º presidente dos EUA para dar a vitória à defesa.

Os 12 jurados foram escolhidos em um processo rigoroso. Um deles chegou a citar a rede Truth Social, propriedade de Donald Trump, entre suas fontes de informação. Mas, no estado de Nova York, bastião do partido democrata, todos juraram imparcialidade.

Qual seria a pena?

Caso seja declarado culpado, o ex-presidente pode até ser preso. Uma eventual pena, contudo, não seria decidida pelo júri, e cabe somente ao juiz Juan Merchan, desafeto direto de Trump, que a estabeleceria algumas semanas depois. A falsificação de documentos contábeis é punida com até quatro anos em Nova York, mas os especialistas consideram improvável essa pena para alguém sem antecedentes criminais.

O juiz pode ainda considerar uma pena alternativa, como o serviço comunitário ou uma multa. Seja qual for a decisão, Trump pode entrar com recurso e com isso evitaria as grades. O político atacou o magistrado, diante dos jornalistas, antes e depois de cada dia no tribunal, o chamando de “corrupto” e “tirano”, e classificando o processo como “interferência eleitoral” dos democratas, com a intenção de deixá-lo fora da campanha.

Ao todo, Merchan o acusou 10 vezes de desacato ao tribunal, e impôs uma multa de US$ 10 mil (R$ 51.728,00) por descumprimento de uma ordem de silêncio que vetava ataques públicos às testemunhas, jurados, funcionários da corte e seus parentes.

Mesmo causando um terremoto político, uma condenação penal, que seria a primeira na história a atingir um ex-presidente dos Estados Unidos, não o impediria de concorrer nas eleições de 5 de novembro. E os efeitos são incertos sobre o eleitorado republicano e sobre os eleitores indecisos, esses últimos cruciais no duelo entre Trump e o atual presidente democrata Joe Biden.

Outros casos

Além do julgamento em Nova York, Trump foi acusado em Washington e Geórgia por conspiração para anular os resultados das eleições de 2020, quando foi derrotado por Biden. Também há acusações na Justiça da Flórida, relacionadas à suposta manipulação indevida de documentos sigilosos do governo americano após deixar a Casa Branca.

Nenhum dos processos tem data para começar a ser julgado, e muito provavelmente nada será pautado pelos tribunais antes das eleições de novembro.


Fonte: O GLOBO

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