Porto Velho, RO. A
Justiça da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (15) ter prendido
novamente o ativista Carlos Julio Rojas. Desta vez, acusam o jornalista
de envolvimento em um suposto plano de assassinato contra o ditador
Nicolás Maduro.
"O Ministério Público informa a detenção de
Carlos Julio Rojas, que tinha um mandado de prisão por estar vinculado e
diretamente apontado como instigador e operador logístico na tentativa
de magnicídio contra o chefe de Estado Nicolás Maduro", afirmou o
procurador-geral, Tarek William Saab, na rede social X.
Saab foi
nomeado após sua antecessora ser derrubada em 2017 pela Assembleia
Nacional Constituinte –órgão criado para, na prática, anular os poderes
da Assembleia Nacional, que tinha maioria opositora desde 2016.
A prisão acontece pouco mais de três meses antes das eleições presidenciais e após outras detenções controversas.
Desde
o começo do ano, o regime prendeu dezenas de pessoas por razões
políticas –nove delas por publicações e mensagens em redes sociais,
segundo monitoramento do site venezuelano Efecto Cucuyo, e duas delas
por supostamente terem ligação com a alegada tentativa de assassinato.
Maduro
denuncia com frequência supostos planos de opositores para
assassiná-lo. A última teria acontecido no dia 25 de março, em um
palanque montado nas imediações do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), em
Caracas, para seu registro como candidato.
Após a denúncia do
líder, em busca de um terceiro mandato que o deixaria por 18 anos no
poder, Saab acusou os dois detidos de "terrorismo" e "tentativa de
magnicídio". Eles são integrantes do 'Vente Venezuela', da opositora
María Corina Machado, que foi proibida de disputar o pleito. O grupo
político chamou as acusações de "infundadas".
Há sete membros da
equipe de campanha de Machado detidos, e outros sete têm mandados de
prisão. Atualmente, a Venezuela tem 269 presos políticos, segundo a ONG
Foro Penal.
"Aumenta a perseguição na Venezuela", afirmou afirmou
na rede social X a ONG de direitos humanos Provea. "Dois homens
vestidos de preto sequestraram o ativista comunitário e jornalista
Carlos Julio Rojas, nesta segunda-feira, 15, em Caracas, denunciam seus
familiares."
O professor universitário e secretário do sindicato
de jornalistas na capital venezuelana, Edgar Cárdenas, também saiu em
defesa de Rojas. "Todo o país sabe que Carlos Julio Rojas não é
terrorista. Sua luta em defesa das liberdades e direitos dos cidadãos
são temas sensíveis para as altas esferas do poder", escreveu ele no X.
Rojas
coordena a Frente Norte de Caracas, organização pela qual denuncia
invasões a propriedades privadas. Uma das últimas aparições públicas do
ativista aconteceu durante a Semana Santa, quando ele organizou a
"malhação de Judas" com bonecos alusivos a Maduro, apesar dos esforços
da polícia para impedir o ato.
Esta é a terceira vez que o jornalista é preso.
Na
primeira, em 2017, acusaram-na de traição à pátria e crimes contra a
integridade, a independência e a liberdade da nação. Na ocasião, sua
defesa afirmou que não havia ordem judicial contra ele e que plantaram
cinco granadas em seus pertences no momento da detenção. Em 2020, ele
voltou à cadeia por cerca de dez horas após participar de um protesto de
aposentados no centro de Caracas.
O que se desenha como um
fracasso nos esforços para realizar eleições livres levou os Estados
Unidos a condicionarem a renovação de uma licença temporária que aliviou
sanções a compromissos para um pleito justo.
Em outubro, os EUA
retiraram parcialmente sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela
em resposta a um acordo eleitoral firmado em Barbados entre o regime e a
oposição. O acordo incluía o direito dos opositores de escolher seu
próprio candidato presidencial.
"Na ausência de progresso por
parte de Maduro e seus representantes na implementação das disposições
do roteiro, os EUA não renovarão a licença quando ela expirar, em 18 de
abril de 2024", disse um porta-voz do Departamento de Estado americano
nesta segunda.
A administração do presidente dos EUA, Joe Biden,
tem poucas esperanças de que Maduro faça concessões suficientes antes do
prazo da próxima quinta-feira (18). Autoridades dos dois países se
encontraram no México na terça-feira passada (9), mas uma pessoa com
conhecimento das conversas disse à agência de notícias Reuters que houve
pouco ou nenhum progresso em direção a um entendimento.
"Vamos
em frente com uma licença ou sem uma licença, não somos uma colônia
gringa", disse Maduro em seu programa de televisão semanal na última
segunda à noite.
Maria Corina Machado, que venceu as primárias
da oposição em outubro passado, não pode concorrer porque está impedida
de ocupar cargos públicos. Machado, então, nomeou Corina Yoris como sua
sucessora, mas a acadêmica de 80 anos também não pôde registrar sua
candidatura. Por fim, dois candidatos da oposição conseguiram se
registrar, e possíveis substitutos podem ser nomeados até 20 de abril.
Por Folhapress
Venezuela prende ativista acusado de tentativa de assassinato contra Ditador Maduro
Maduro denuncia com frequência supostos planos de opositores para assassiná-lo