Guerra tecnológica: entenda como a Ucrânia usa inteligência artificial para localizar alvos e caçar traidores

Guerra tecnológica: entenda como a Ucrânia usa inteligência artificial para localizar alvos e caçar traidores

Modelos computacionais processam enormes volumes de imagens e texto, cruzam com outras informações e apontam pistas potenciais que podem ajudar o comando das tropas

Historicamente, as guerras funcionam como um motor para o rápido desenvolvimento de novas tecnologias. Na disputa entre a Rússia e a Ucrânia, drones, aviões modificados e armas nunca vistas antes já foram manchetes, mas a bola da vez no esforço de Volodymyr Zelensky contra Vladimir Putin são as inteligências artificiais.

Segundo a revista The Economist, a Ucrânia já usa diversas ferramentas diferentes de IA para reunir, filtrar e condensar dados sobre o inimigo. As informações são coletadas de todos os lugares, incluindo o consumo de álcool dos russos, movimentos populacionais, pesquisas online e o comportamento dos consumidores.

Em entrevista à revista, um coronel ucraniano envolvido no desenvolvimento de armas afirmou que os designers de drones frequentemente consultam o ChatGPT como um "ponto de partida" para ideias de engenharia. A identificação de alvos também está sendo feita com ajuda da IA: os modelos computacionais processam enormes volumes de imagens e texto, cruzam com outras informações nos bancos de dados e apontam pistas potenciais que podem ajudar o comando das tropas a deduzir a localização provável de um sistema de armas ou formação inimiga.

Uma das empresas que atua para ajudar a Ucrânia na guerra, segundo a The Economist, é a Molfar. A empresa de inteligência encontra de dois a cinco alvos valiosos todos os dias, afirmou Maksym Zrazhevsky, analista da empresa. Descobertos os novos alvos, a empresa se conecta diretamente com as tropas ucranianas para fazerem a destruição de alvos.

Outra firma citada pela revista é a SemanticForce, especializada em um modelo de IA que, em resposta a estímulos de texto, examinam texto e imagens online ou carregados. Muitos dos clientes da empresa usam o sistema comercialmente para monitorar os sentimentos públicos sobre suas marcas. Mas, para a área militar, a Molfar usa a ferramenta para mapear áreas onde as forças russas provavelmente têm baixa moral e suprimentos, o que poderia torná-las um alvo mais fácil. Nesse caso, a IA encontra pistas em imagens, incluindo as feitas por drones, e de soldados reclamando nas redes sociais.

O software também consegue gerar relatórios sobre as atividades de grupos voluntários russos que arrecadam fundos e preparam pacotes de ajuda para as seções da frente mais necessitadas. Os algoritmos, segundo a Molfar, fazem um bom trabalho ao descartar postagens potencialmente enganosas de bots.

Contrainteligência

O uso da IA também ajuda os agentes de contraespionagem da Ucrânia a identificar pessoas que Oleksiy Danilov, até recentemente secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa (NSDC), descreve como "propensas à traição".

Ofertas para ganhar dinheiro tirando fotos geolocalizadas de infraestrutura e ativos militares são frequentemente enviadas para telefones ucranianos, diz Dmytro Zolotukhin, ex-vice-ministro ucraniano de política de informação.

Usando um sistema da empresa Palantir, as equipes ucranianas rastreiam ligações suspeitas, abertura de contas bancárias estrangeiras e detectam a geolocalização de telefones próximos de áreas atingidas por mísseis. A IA também analisa as redes sociais, fotos e vídeos para gerar uma pontuação de risco para cada cidadão.


Fonte: O GLOBO

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