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O Campeonato Carioca é um dos mais difíceis do país para que clubes de menor expressão cheguem ao título. Desde que o Bangu foi campeão em 1966, apenas os quatro grandes têm se alternado no trono. Neste ano, o Nova Iguaçu foi apenas o quarto a alcançar uma decisão no século, juntando-se a Americano (2002), Volta Redonda (2005) e Madureira (2006). Se o Flamengo já está com nove dedos na taça — venceu a ida por 3 a 0 —, ao menos a campanha do clube da Baixada traz perspectivas para quem contribuiu.
O Estaduais costumam ser vitrine para jogadores em busca de projeção. No Carioca deste ano, o atacante Carlinhos virou a bola da vez, tendo acertado com o próprio Flamengo para a sequência da temporada. O caso lembra outros dois que relacionaram Volta Redonda e Fluminense: o de Lelê, contratado pelo tricolor em meio ao Carioca de 2023, e o do trio Schneider, Lugão e Léo Guerra, que acertaram a saída do Vale do Aço antes da final entre as equipes.
Dificuldades
Em 2005, a equipe treinada por Dário Lourenço venceu a Taça Guanabara e ganhou um lugar na decisão, numa mescla de gerações. Enquanto Adriano Felício era destaque no meio campo, o ataque era liderado por Túlio Maravilha. O lateral-direito Schneider lembra bem daquela caminhada.
— A equipe se dava bem, conversava bastante, e foi se encaixando. Vitórias atrás de vitórias. A gente se entendia só no olhar — lembra o ex-jogador de 41 anos, que hoje dá aulas de futsal e canoagem para jovens em Itiquira (MT), sua cidade natal: — Algumas falhas fizeram com que não conseguíssemos ser campeões. Nos deixou muito abalados, porque sabíamos que haviam condições.
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Após a vitória no primeiro jogo por 4 a 3, uma derrota por 3 a 1 na segunda partida fez o Voltaço perder o título. No Fluminense, apenas Schneider e o atacante Guerra ficaram, pois o goleiro Lugão acabou reprovado nos exames médicos por questões cardíacas. O lateral, eleito a revelação do Carioca, teve mais tempo nas Laranjeiras. No entanto, reconhece que lesões e a boa fase de Gabriel no setor dificultaram por voos mais altos.
Sem perder contato
Aposentado em 2013, aos 31 anos, Schneider é grato pela carreira que teve, e o contato com a geração que fez história no Volta Redonda segue constante.
— Temos o grupo de WhatsApp daquela equipe de 2005. Torço para que possa vir um outro grupo, que consiga o que não deu para a gente. Hoje em dia, ficou mais difícil, porque os clubes grandes ficaram ainda maiores. O investimento se tornou ainda maior — diz.
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Antes deles, o Americano, de Campos, desperdiçou a oportunidade em uma final também contra o Fluminense. Porém, em 2002, o Carioca foi sucateado, sendo praticamente abandonados pelos grandes clubes. Chamado de “Caixão”, por causa de Eduardo Viana, presidente da Ferj à época, apelidado de “Caixa D’água”, nem assim foi vencido por um time de menor expressão.
Madureira ‘bate na trave’
A última grande oportunidade veio com o Madureira de 2006, que venceu a Taça Rio. A receita era parecida com a do Volta Redonda de 2025: um elenco com nomes experientes do nível do zagueiro Odvan e do meia Djair, e promessas como o volante Maicon — campeão da Libertadores com o Grêmio, em 2017 — e o atacante André Lima.
— Tivemos 12 dias de treinos, e a coisa fluiu. Houve a química com a minha proposta de trabalho — destaca o treinador Alfredo Sampaio, que esteve recentemente no Sampaio Corrêa (RJ): — Dos clubes menores, o Madureira tinha uma das melhores estruturas. Treinava em Conselheiro Galvão, gramado bom, salários em dia. Pré-temporada e inter temporada. Deu certo por isso.
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O título não veio após as duas derrotas para o Botafogo. As lesões e falta de boas peças de reposição custaram caro. Porém, o trabalho era bem feito e o Madureira ainda foi vice da Taça Guanabara em 2007. A base daquele time tinha nomes como o atacante Muriqui, ex-Vasco e que fez carreira no futebol asiático. O treinador procurou dar todo o suporte e orientações, pois sabia o que tinha em mãos.
— Eu posso estar exagerando, mas tinha certeza que muitos tinham potencial para desenvolver. Eram meninos com capacidade técnica nítida e que podiam avançar no futebol — avisa Alfredo Sampaio, que conclui: — Sei que o que vale é a taça, mas, nesses clubes de menor investimento, a estrada é complicada. Quando consegue chegar à final e encarar um grande clube, é porque houve trabalho. Esse reconhecimento tem um sabor de título.
Fonte: O GLOBO
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