
Das 14 medições realizadas entre o final de setembro de 2023 e o final de março de 2024, na altura das pontes Alexandre III e Alma, treze ficaram "acima ou muito acima" dos limiares recomendados para banhos.
Uma diretriz europeia de 2006 e as federações de natação e triatlo estabelecem os limites máximos de concentração de duas bactérias indicativas de contaminação fecal para permitir o desenrolar das provas.
Os limites para estas bactérias não devem exceder 1.000 unidades formadoras de colônias (UFC) por 100 ml, no caso de Escherichia coli, e 400 UFC/100 ml para enterococos.
As análises realizadas pela Surfrider, em colaboração com o laboratório Eau de Paris e Analy-Co, mostram concentrações de E. coli superiores a 1.000 UFC/100 ml e de enterococos, 500 UFC/100 ml.
Ambas as bactérias registraram um pico no dia 7 de fevereiro sob a ponte Alma, de 7.250 e 1.190, respectivamente. No entanto, o período estudado não faz parte do previsto para autorizar os banhos no Sena, reservado aos meses de verão do hemisfério norte.
Outras análises enviadas à AFP pela Câmara Municipal de Paris no início de 2024 também mostraram que, entre junho e setembro de 2023, em pleno verão, nenhum dos 14 pontos de amostragem atingiu um nível de qualidade suficiente.
Perante estes resultados "alarmantes", a Surfrider manifestou a sua "crescente preocupação relativamente à qualidade da água do Sena" e apontou os "riscos" que os atletas, bem como os residentes locais, correm se nadarem em águas contaminadas.
No início de março, a atual campeã olímpica em águas abertas, a brasileira Ana Marcela Cunha, defendeu um "plano B" que priorize a saúde dos atletas, em entrevista à AFP.
Em agosto de 2023, o ensaio geral da prova de natação em águas abertas já teve de ser cancelado devido à má qualidade da água.
O Sena deve sediar as provas de triatlo (30 e 31 de julho e 5 de agosto) e de natação em águas abertas, rebatizada de maratona aquática (8 e 9 de agosto).
Mas a incerteza sobre a sua celebração neste canal simbólico é iminente. Se ocorrerem chuvas fortes, elas poderão degradar a qualidade da água, que carregaria resíduos em seu rastro.
A ONG exigiu que as autoridades continuem a realizar amostragens "antes e durante" os Jogos Olímpicos devido à "falta de visibilidade" e comunicação.
Fonte: O GLOBO
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