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As áreas com as maiores anomalias positivas, isto é, mais chuva acima da média, estão no Nordeste e foram praticamente as mesmas que sofreram com a seca na região em 2023. Houve chuva acima do normal em toda a Bahia, no sul do Maranhão, no centro-sul do Piauí. Essas áreas registraram até 200 mm acima do normal, calculado a partir da média de 30 anos (período de 1981 a 2010, usado como referência).
Também muito chuvosos estiveram o litoral norte de São Paulo e o litoral do Rio de Janeiro, incluindo a capital, com precipitações de 50 mm a 100 mm acima da média. Lembrando que janeiro é um mês já normalmente chuvoso no Sudeste.
Na Região Sul, castigada por temporais desde o segundo semestre de 2023, aconteceram anomalias de chuva (entre 50mm e 100m acima do normal) principalmente no norte do Rio Grande do Sul, no litoral sul de Santa Catarina e no sul do Paraná, segundo o Inpe.
— Não dá para dizer por ora que este foi o janeiro mais chuvoso em algumas regiões. Provavelmente, não foi. Mas aconteceram eventos de chuva muito intensa, como os que atingiram a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Foi um mês chuvoso, mas não extraordinariamente chuvoso — explica a meteorologista Marília Guedes do Nascimento, pesquisadora do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe).
As chuvas intensas tiveram causas diferentes pelo país. O Sul do Brasil continua sob influência do El Niño. Já as chuvas no Nordeste e no Sudeste estão associadas à configuração de duas Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), uma no início do mês e outra na semana passada.
ZCAS são grandes canais de umidade e costumam acontecer no verão. Mas o meteorologista Marcelo Seluchi, diretor de operações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), observa que as duas ZCAS tiveram, relativamente, longa duração. Além disso, se formaram um pouco mais ao norte da posição normal, que seria o centro sul de Minas Gerais, levando mais chuva para o Nordeste.
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— Os extremos climáticos são uma realidade e anomalias como as que ocorreram em janeiro não surpreendem — destaca Nascimento.
Com mudanças climáticas presentes e combinadas ao El Niño, com 2023, 2024 começou desequilibrado. Pouca chuva em parte da Amazônia, no Centro-Oeste, parte do Sudeste e do Nordeste. A chuva em excesso despejada no restante veio muitas vezes concentrada em períodos curtos, em meio à predominância de dias secos e quentes.
Izabelly Costa, chefe da Divisão de Previsão de Tempo e Clima do CPTEC/Inpe, destaca que as chuvas estiveram muito mal distribuídas.
— Choveu muito em poucos dias. E isso, claro, é ruim. Às vezes, a anomalia está concentrada num só dia, com chuva muito intensa e perigosa. Janeiro foi anômalo sim. Não foi um desvio brutal, mas segue uma tendência — diz Costa.
Chuva concentrada é receita para desastres. E no que diz respeito a eles, 2024 segue na trilha de 2023.
Aconteceram alguns eventos de chuva realmente muito forte, afirma Seluchi. Mas, em janeiro, o número de alertas de desastres praticamente não mudou. Exemplo é o estado do Rio de Janeiro. Em 2023, o Cemaden emitiu 124 alertas. Já em 2024, 130. Não é uma diferença significativa, diz o meteorologista, mas segue uma tendência.
— De 2020 para cá tivemos realmente um salto do número tanto de alertas quanto de desastres — ressalta ele.
Calor e El Niño no carnaval
Os meteorologistas dizem que ainda é precipitado fazer previsões seguras para o carnaval. Mas é garantido que ele será no ritmo do El Niño, quente de Norte a Sul do país.
O El Niño tem se enfraquecido, mas está longe de ter desaparecido. Continua poderoso. Ele passou de 100% de influência para o clima para 98%. E deve continuar a ativo até maio, com previsão de calor bem acima da média para quase todo o país, afirma Nascimento. A previsão oficial para o trimestre de fevereiro, março e abril é de muito calor.
Fonte: O GLOBO
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