Dentista presa por deformar pacientes foi condenada por desfigurar nariz de cliente

Dentista presa por deformar pacientes foi condenada por desfigurar nariz de cliente

Condenação resultou na indenização da vítima em R$ 10 mil por ter o nariz desfigurado após um procedimento de rinomodelação

A dentista Hellen Kacia Matias da Silva, presa preventivamente suspeita de deformar ao menos 10 pacientes responde por seis processos. Em abril de 2023, a profissional de odontologia e a clínica onde atuava foram condenados pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). A condenação resultou na indenização da vítima por danos materiais, morais e estéticos, em R$ 10 mil por ter o nariz desfigurado após um procedimento de rinomodelação - uma técnica com a aplicação de ácido hialurônico para preencher e corrigir imperfeições do contorno e formato do nariz.

"Tendo a cirurgia estética a natureza de obrigação de resultado cuja responsabilidade do médico é presumida, não cabe ao paciente a demonstração da sua culpa, negligência ou imperícia pelo procedimento insatisfatório causador dos danos, mas ao médico, que deve demonstrar existir alguma excludente de sua responsabilização, apta a afastar o direito de indenizar o paciente que não teve o resultado esperado na cirurgia estética. Daí, a razão da inversão do ônus probatório", diz a sentença.

Dentista é presa por deformar rostos de pacientes em Goiânia — Foto: Reprodução vídeo


Hellen era investigada por exercício ilegal de prática médica no ano passado. Segundo a polícia civil, ela e outros três dentistas foram denunciados por vítimas que relataram terem sofrido lesões graves decorrentes dos procedimentos.


Ainda de acordo com a polícia, o instituto coordenado pela profissional, localizado no Setor Oeste, em Goiânia, foi alvo de busca e apreensão em um inquérito instaurado para apurar os crimes de exercício ilegal da profissão e execução de serviço de alta periculosidade.


Em nota, o CRO-GO disse que “medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso”. Contudo, o registro profissional da Hellen continua ativo em Goiás. No site da entidade, consta que a profissional é cirurgiã-dentista com especialidade em harmonização orofacial.





Vítimas




Segundo a Polícia Civil, as cirurgias plásticas eram ofertadas nas redes sociais por valores abaixo do mercado. A dentista vendia abertamente as cirurgias em seu Instagram, que possui mais de 650 mil seguidores. Além disso, a investigada ministrava cursos para que outros profissionais da saúde executem tais cirurgias sob sua “supervisão”.
Pacientes sofreram lesões após atendimento de dentista — Foto: Divulgação


Após a apreensão do celular utilizado pelo estabelecimento para contactar os pacientes, os policiais civis descobriram inúmeros casos de consumidores que ficaram com rostos deformados após a realização de cirurgias com a profissional e/ou com seus “alunos”.


Foram colhidas as declarações de mais de 10 vítimas da dentista, bem como depoimentos de ex-funcionários do instituo. Todos confirmaram a realização das cirurgias proibidas em local inadequado (fora do ambiente hospitalar), gerando grave risco à integridade física dos consumidores. As pessoas ouvidas também relataram que a dentista não aceitava qualquer crítica ao seu trabalho, tratando os pacientes com descaso.


Ao G1, a defesa da odontóloga alega que a prisão da profissional – realizada no dia 30 de janeiro – foi feita de forma arbitrária e injusta, já que a mesma não descumpriu determinação da Justiça, que a proibia de realizar cirurgias estético faciais após o dia 22 de novembro.


Segundo as advogadas Caroline Arantes e Thaís Canedo, que representam a dentista, a Justiça confundiu o procedimento realizado. A profissional – que tem a especialidade buco maxilo facial, realizou, após o dia 22 de novembro, procedimento reparador e não estético, dentro da competência da especialidade da profissional.





Investigação




Em setembro de 2023, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon) instaurou um inquérito para apurar as atividades de quatro dentistas, incluindo Hellen, que respondiam por vários procedimentos éticos disciplinares. Na ocasião foram encontrados anestésicos e medicamentos vencidos na clínica da dentistas.




Fonte: O GLOBO

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