Feriado também tem rendido momentos políticos em diferentes partes do país
A primeira noite de desfiles do grupo especial do carnaval do Rio expôs o desgaste entre o governador Cláudio Castro (PL) e seu vice, Thiago Pampolha (MDB), e teve na avenida a presença de nomes como o governador do Pará, Helder Barbalho — que anunciou o estado como enredo da Grande Rio em 2025 — e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que desfilou pela Beija-Flor, escola que homenageou Maceió. Antes de desembarcar no Rio, Lira esteve em Salvador a convite de Elmar Nascimento (União-BA), que levou ao estado parlamentares em momento de articulação por apoio para ser o sucessor do alagoano no comando da Casa.
Castro e Pampolha assistiram aos desfiles na Marquês de Sapucaí, domingo, em espaços diferentes. O clima de tensão entre eles se intensificou quando o vice deixou o União Brasil e se filiou ao MDB, comunicando Castro às vésperas. Por este motivo, há cerca de um mês, os dois têm passado por um período de pouco diálogo. Pampolha afirmou ao GLOBO que não foi convidado para o camarote do governo do estado e, por isso, acompanhou ao desfile com a família no camarote Rio Prata.
— Eu não fui convidado para o camarote do governo do estado. O convite não saiu no meu nome, então a casa não é minha. Vou passar o carnaval com minha esposa e se ele quiser me encontrar, darei um abraço com todo carinho — disse o vice, momentos antes de desfilar na Beija-Flor.
Elmar (à frente de boné) recebeu políticos em Salvador, como Lira, de quem é aliado — Foto: Reprodução das redes sociais
No convite oficial do camarote do governo do estado, o nome de Pampolha não saiu ao lado de Castro e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). O governador chegou na Sapucaí acompanhado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PRD) e minimizou o desgaste na relação com o vice.
— Eu espero que ele venha aqui. Tem crise zero com ele, espero que ele venha falar porque somos amigos — afirmou Castro.
A desfiliação de Pampolha gerou uma guerra de versões. De um lado, o vice estava insatisfeito com a proximidade do União com o prefeito, Eduardo Paes (PSD), adversário de seu grupo político. Na avaliação de Castro, o movimento de Pampolha foi precipitado e abriu uma crise em seu governo, já que o União faz parte de seu secretariado.
Maceió e Pará na avenida
Pampolha desfilou pela Beija-Flor, que também teve o deputado Arthur Lira. A escola homenageou Maceió, capital do estado do parlamentar. Lira passou pela avenida ao lado do patrono da agremiação, Anísio Abraão David, e do líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho.
— Estou muito feliz. É lindo demais — disse Lira.
Arthur Lira desfila na Beija-Flor no Carnaval 2024 — Foto: O GLOBO
Para o desfile, a Beija-Flor recebeu um patrocínio de R$ 8 milhões dos cofres da prefeitura de Maceió, comandada por João Henrique Caldas (PL) — aliado de Lira e que também foi à Sapucaí.
Em nota, a prefeitura afirmou que o acordo de cooperação foi firmado no ano passado e que o valor foi “integralmente repassado”. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, os recursos não vieram de emendas parlamentares e que o objetivo foi “incentivar e fomentar a cultura local, bem como o turismo na capital alagoana”. O patrocínio foi criticado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), rival político do grupo de Lira e JHC.
Já o governador paraense Helder Barbalho (MDB) aproveitou para anunciar que o estado, sede da Conferência da ONU para o Clima (COP-30), será tema do desfile da Grande Rio em 2025. “Escola linda”, comemorou.
O prefeito de Recife, João Campos, que descoloriu o cabelo para a festa: foi seguido por outros políticos e recebeu convite de Paes para ir ao Rio — Foto: Rodolfo Loepert/ PCR
Bloco da sucessão na Bahia
Em Salvador, o pré-candidato à presidência da Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), convidou e recebeu políticos para passar o carnaval na capital baiana, apelidado entre os deputados de “Elmarfolia”. Na sexta-feira, Elmar aproveitou o bloco de Bell Marques ao lado de Lira e de deputados estaduais.
No sábado, ele foi recebido pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), no Palácio de Ondina para um almoço. Estavam, além de Elmar, Lira e os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e do Turismo, Celso Sabino.
Governador do Pará, Helder Barbalho tietou a rainha de bateria Paolla Oliveira — Foto: Reprodução/redes sociais
Também pré-candidato à presidência da Câmara, Antônio Brito (PSB-BA) foi chamado pelo governador. Rodrigues é próximo de Brito. Na Bahia, PT e PSD têm uma aliança política desde 2010. O governador, contudo, tem dito que adotará neutralidade na disputa pela presidência da Câmara.
Jerônimo fez gesto de aproximação a Elmar e Arthur Lira enquanto o ministro da Casa Civil, o ex-governador baiano Rui Costa, se tornou o principal interlocutor do Planalto com o presidente da Câmara, que está rompido com Alexandre Padilha (Relações Insatitucionais). Elmar e Costa são de grupos opostos no estado.
Sucesso nas redes
Longe das disputas, o prefeito de Recife, João Campos (PSB-PE), ditou tendência na folia ao descolorir o cabelo para cumprir o “desafio nevou”. Popular nas redes sociais — tem 1,9 milhões de seguidores no Instagram —, o prefeito compartilhou momentos da festa ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que também aderiu ao visual platinado.
O encontro entre os três ocorreu em evento no Marco Zero, em Recife, na sexta-feira. Na madrugada de domingo, Campos fez uma live com Paes. Horas depois, o carioca disse que deseja trazê-lo para o desfile das campeãs do Rio.
— O João Campos está colocando nós prefeitos em uma situação complicada — brincou Paes.
Fonte: O GLOBO
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