Rumo à Casa Branca: veja 4 lições tiradas da vitória de Trump nas prévias de Iowa

Rumo à Casa Branca: veja 4 lições tiradas da vitória de Trump nas prévias de Iowa

Estado, majoritariamente conservador e rural, representa muito pouco no total de delegados que decidirá o vencedor das primárias na Convenção Republicana, em julho

Exatos 31 depois de os eleitores começarem a votar, o caucus de Iowa, que iniciou as prévias republicanas, na noite desta segunda-feira, já tinha um vencedor claro: Donald Trump. Foi muito mais rápido do que o esperado.

Com 95% dos votos apurados, Trump tinha 51%, o governador da Flórida, Ron DeSantis, 21,2%, e a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas e ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, 19,1%. Os 40 delegados de Iowa, distribuídos proporcionalmente (até o momento, 20 para Trump, 8 para DeSantis e 7 para Haley) representam traço no total de quase 2,5 mil que votarão na Convenção Republicana em julho, em Milwaukee, no Wisconsin. 

A participação foi considerada fraca, com cerca de 100 mil eleitores, contra 182 mil em 2016. E o estado da América Profunda, que tem o tamanho do Ceará e a população do Piauí (pouco mais de 3 milhões de eleitores), é decididamente conservador, rural, com 15% dos eleitores evangélicos. Não é um microscópio dos Estados Unidos.

Mas os resultados desta segunda-feira, especialmente as análises qualitativas a partir dos números das bocas de urna da rede CNN e da agência Associated Press, reforçam tanto a inevitabilidade da escolha de Trump como candidato republicano à Casa Branca quanto dão pistas sobre os pontos altos e fracos de sua candidatura até aqui. Veja algumas das principais lições de Iowa-2024:

1. Comprovou-se que a eleição é de Trump para ele perder

Trump ganhou disparado, como se esperava, nas áreas rurais, nos bolsões evangélicos e entre pessoas que não têm diploma universitário. Mas também venceu nos subúrbios e nas áreas urbanas, incluindo a capital Des Moines, entre republicanos com curso superior e os eleitores independentes. Estes últimos podiam, pelas regras estaduais, mudar o registro partidário e votar na noite de ontem com os republicanos. 

Eram considerados eleitores em potencial da ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley, e foram os estratos em que ela se saiu melhor. Mas não o suficiente. Até 1h, só dois condados dos 99 não tinham dado mais votos a Trump. Os dados qualificados são importantes pois mostram o avanço do ex-presidente em grupos fundamentais para a decisão da eleição em novembro, muito provavelmente contra o presidente Joe Biden, do Partido Democrata.

2. Não há um anti-Trump entre os republicanos

Saiu-se de Iowa sem um nome claro para unificar os conservadores que não desejam a volta do “caos e do drama” dos anos Trump à Casa Branca. Haley e o governador Ron DeSantis, da Flórida, dividiram pouco mais de 18% dois votos, cada (ou 4 dos 20 delegados). Haley aparece em segundo nas áreas mais urbanas e com universidades, e DeSantis na metade do estado mais rural. 

Haley até sai com mais fôlego do que DeSantis para a segunda parada da disputa, em New Hampshire, na próxima terça-feira, que tem um eleitorado mais moderado, mas nada indica que DeSantis desistirá da campanha. E muito menos que, neste caso, a apoiaria. A oposição interna a Trump segue dividida, fraca e sem conseguir apresentar propostas claras que as diferencie do ex-presidente. E Trump estará hoje em New Hampshire batendo na tecla de que as primárias devem ser apenas um circuito para sua coroação.

3. A vitimização e defesa de valores conservadores, apesar da retórica violenta, funcionou para Trump

Em todas as entrevistas com pessoas nas áreas de votação que se identificavam como eleitoras de Donald Trump, na mídia profissional, à esquerda ou à direita, apareciam com frequência as mesmas justificativas: “o ex-presidente está sendo perseguido pela Justiça”, “agora é que vamos apoiá-lo mesmo, é como se fosse uma pessoa da família sendo perseguida”. 

Nada menos do que 2/3 dos eleitores de ontem dizem não acreditar que Trump perdeu as eleições para Biden em 2020, que o pleito foi roubado. E, especificamente entre eleitores que se identificavam como evangélicos, a justificativa de que “Trump pode falar besteira, mas age em nosso favor”, como pastores repetiam em todo estado, lembrando que “ele foi o presidente que mais passou iniciativas de defesa da liberdade religiosa” deu certo. 

A oposição ao direito ao aborto, que pode ser um problema para Trump em estados decisivos para o pleito final, assim como o negacionismo de 2020, em Iowa funcionou em favor do ex-presidente.

4. Por outro lado, o fantasma da Justiça também é real

O único senão de um strike talvez ainda mais espetacular do que o de ontem e do que a própria campanha de Donald Trump esperava é a quantidade significativa de eleitores republicanos (32% na boca de urna da CNN) que afirmam não votar no ex-presidente em novembro se ele for condenado em um dos processos na Justiça que podem ter um fim durante a campanha. 

Em uma eleição apertada, se quase 1/3 dos eleitores republicanos de Iowa decidissem de fato ficar em casa, por exemplo, seria fatal pra o republicano. Imagina-se que esse número seria ainda maior em estados com eleitorado menos conservador.


Fonte: O GLOBO

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