Ministro da Educação foi escolhido para substituir Élisabeth Borne, de 62 anos, que renunciou ao cargo na segunda-feira
O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou o popular ministro da Educação, Gabriel Attal, ao cargo de primeiro-ministro, nesta terça-feira, oficializando-o como substituto de Élisabeth Borne, que renunciou na segunda-feira. Com a nomeação, Attal se torna o premier mais jovem da História da França, aos 34 anos, e o primeiro assumidamente gay.
De acordo com fontes oficiais ouvidas pela agência francesa AFP, Attal foi escolhido por Macron com o objetivo de oxigenar o seu segundo mandato, em um ano marcado pelas eleições europeias, e para projetar uma imagem positiva no momento em que o país ficará sob os holofotes do mundo durante a realização dos Jogos Olímpicos em Paris.
"Caro Gabriel Attal, sei que posso contar com a sua energia e o seu empenho para implementar o projeto de rearmamento e regeneração que anunciei", escreveu o presidente Emmanuel Macron, em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), pouco após o anúncio.
Em 31 de dezembro, Macron prometeu promover o rearmamento "industrial, econômico, europeu" e também "cívico", como meta para o ano.
Com uma imagem de “bom aluno”, o novo premier começou sua carreira política no Partido Socialista, antes de migrar para as fileiras de Macron, em 2016. Ele é um dos que aderiu sem maiores problemas o movimento à direita do governo Macron para ampliar sua base de apoio. Em seis meses à frente do Ministério da Educação, defendeu uma escola de “direitos e deveres”, proibiu o uso da abaya – traje usado por mulheres muçulmanas — e disse estar aberto a experimentar o uso de uniformes.
Filho de um produtor de cinema e ex-aluno da Escola Alsaciana de Paris, frequentada pela elite francesa, Attal tem uma ascensão política que faz lembrar a de Macron, que se tornou presidente em 2017, aos 39 anos. O jovem passou de secretário de Estado, em 2018, a premier neste ano, tendo ocupado cargos como por porta-voz do governo, chefe de Contas Públicas e da Educação no ínterim.
O primeiro desafio de Attal no cargo será o de tentar manter o frágil equilíbrio da aliança centrista de Macron, com deputados da centro-esquerda à direita — como Macron perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas de 2022, desde então teve que recorrer ao apoio da oposição de direita para aprovar as suas principais reformas, pressionando a ala esquerda do partido no poder.
O cenário, apontam especialistas, não é animador, e aliados centristas e de centro-direita de Macron já manifestaram dúvidas sobre a escolha do jovem político.
— [A nomeação de Attal] não resolverá o problema da maioria, nem o problema principal de qual é a direção principal [do segundo mandato do atual chefe de Estado] — afirmou o cientista político Bruno Cautrès.
Mais adiante, a popularidade do ministro também é vista como um possível trunfo para as eleições do Parlamento Europeu, que serão realizadas em junho de 2024. Segundo uma pesquisa da Opinionway, realizada em meados de dezembro, o partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, lidera as intenções de voto com 27%, seguido pelo partido de Macron, Renascimento (19%). A eleição será o primeiro grande termômetro para a remodelação governista.
“A juventude, a sua popularidade junto a opinião pública e a capacidade real ou suposta de liderar a campanha do Governo para as eleições europeias” decidiram a sua nomeação, indicou uma fonte próxima do Executivo francês à AFP.
A nomeação ao cargo reforça a posição de Attal como candidato a sucessor de Macron em 2027. Porém, é cedo para dizer como ele estará daqui a quatro anos, em comparação a outras lideranças do partido, também cotadas para o cargo, como os ministros Bruno Le Maire e Gérald Darmanin, e o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe. (Com AFP)
Fonte: O GLOBO
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