Após divulgação das notas, alunos reclamam de correção do Enem; entenda como funciona a TRI

De acordo com os candidatos, mesmo tendo acertado um número considerável de questões, a nota foi baixa, o que pode deixá-los de fora de uma vaga no ensino superior

Após divulgação das notas individuais do Enem 2023, nesta terça-feira (16), estudantes que realizaram o exame usaram as redes sociais para demonstrar insatisfação com a metodologia própria do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de correção, chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI). De acordo com os candidatos, mesmo tendo acertado um número considerável de questões, a nota foi baixa, o que pode deixá-los de fora de uma vaga no ensino superior.

"A minha nota do Enem diminuiu e o número de acertos foi o maior possível desde de quando embarquei nessa", escreveu uma estudante no "X", antigo Twitter. "É horrível saber que pegou tantos acertos e ter que ficar simulando e comparando com microdados pra no final ser menor do que todos os simuladores falaram", afirmou outra.

Um candidato chegou a relatar ainda que acertou 31 das 45 questões da prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, e recebeu 576 pontos.

Entenda a TRI

Adotado desde 2009, a TRI promete avaliar o conhecimento dos participantes estimando o nível de dificuldade das questões. Isso significa que as perguntas têm pesos diferentes. Cada uma das 180 questões do Enem tem uma classificação: fácil, médio ou difícil, e a nota final é a combinação do nível de dificuldade das perguntas com a coerência das respostas dos estudantes. Quem erra as questões mais fáceis, mas acerta as difíceis pode acabar ficando com uma nota menor do que quem acertou as perguntas mais fáceis e errou as difíceis.

O TRI também é uma forma de evitar os chutes. Isso porque, se o candidato acertar as questões mais difíceis e errar as fáceis, o sistema poderá entender que ele chutou as respostas, diminuindo sua nota.

Ou seja, o resultado do Enem não depende apenas da quantidade de questões que o aluno acertou, mas do nível de dificuldade delas. Por isso, não dá para saber quanto vale cada questão do Enem e é tão difícil calcular a nota com base somente no número de acertos.

Embora as perguntas sejam classificadas de acordo com o nível de dificuldade, o Inep não revela quanto vale cada questão do Enem, justamente porque elas têm pesos diferentes conforme o desempenho de cada aluno.

Procurado pela reportagem, o Inep ainda não retornou sobre o sistema de correção das questões.


Fonte: O GLOBO