
Nas entrevistas prévias à final do Mundial de Clubes, um artigo do jornal inglês The Telegraph dividiu as atenções com o jogo em si. Ao comparar o Fluminense com um time de aposentados, pela presença de sete titulares com mais de 33 anos, a publicação irritou torcedores e jogadores tricolores. Até no Manchester City houve declarações de repúdio. Com a bola rolando, será que a resposta também foi dada ou o resultado passou pela questão da idade?
O jogo não começou favorável para a turma de veteranos. O erro de Marcelo, 35 anos, ao tentar inverter a bola abriu caminho para o primeiro gol do City, aos 40 segundos, e deixou o jogo desfavorável para o Fluminense desde o princípio.
Mas a verdade é que esta falha não tem nada a ver com sua idade. Assim como os erros de Felipe Melo, 40 anos, em pelo menos duas saídas de bola no primeiro tempo, sucumbindo à marcação alta do time inglês.
Independentemente disso, a intensidade foi, sim, um fator importante no jogo. Com o placar adverso desde o princípio, o Fluminense se viu obrigado a acelerar em busca do empate. E, num jogo de fim de temporada e sob o forte calor da região do Golfo Pérsico, começou a dar sinais de esgotamento com 30 minutos de jogo. Naturalmente, eles vieram principalmente dos jogadores mais velhos, como Marcelo, Felipe Melo e Paulo Henrique Ganso.
O camisa 10, de 34 anos, foi o que jogou no ritmo mais baixo. Sua participação na criação foi muito discreta, sem nenhuma grande chance criada ou passe decisivo para um companheiro. Na etapa final, ainda foi demandado a reforçar a marcação pelo lado direito. Não funcionou.
Aos 15 do segundo tempo, Diniz sacou os três ao mesmo tempo. Com fôlego renovado, o Fluminense voltar a propor jogo e a ocupar a área do adversário. No fim, ao comentar o abismo que separa o clube inglês do tricolor carioca, o próprio técnico brasileiro incluiu a questão da idade.
— Queria ter Felipe Melo, Marcelo, Ganso e Fábio dez anos mais novos e jogar contra (o City). É diferente, não é igual — afirmou Diniz, incluindo o goleiro de 43 anos, que apesar dos quatro gols sofridos teve grande atuação na final desta sexta.
Já Marcelo não enxergou esta diferença. O Fluminense teve seus momentos de superioridade de posse de bola no jogo. Mas pecou na dificuldade de criar grandes chances, na perda da intensidade e, principalmente, nas falhas pontuais que o City não perdoou. Ainda assim, o lateral-esquerdo falou em “jogo de igual para igual” contra os ingleses.
— Entramos com a ideia de pressionar o time deles, fazer o nosso jogo. Tomamos o gol nos primeiros segundos, mas mesmo assim o nosso time não deixou de jogar, jogamos de igual para igual. É o melhor time do mundo há cinco, seis anos e poder estar aqui disputando esse Mundial, esse momento inexplicável para nós — afirmou à CazéTV.
De toda forma, é importante destacar que a idade só pesou no duelo contra uma equipe europeia. E justamente aquela considerada a melhor do planeta nos últimos anos. Ao longo da temporada, contra rivais sul-americanos, a idade não influenciou tanto nos jogos do Fluminense. E deve continuar sendo assim em 2024.
Na próxima temporada, inclusive, o elenco já tem garantido o reforço de mais um atleta de 35 anos: Renato Augusto. A expectativa é de que, tendo ele e Ganso como jogadores de criação, Diniz irá dosar o uso de cada um. Não deve utilizá-los juntos em campo, mas ganha em qualidade de passe e visão de jogo.
Esta sempre foi uma característica do técnico. Defende o uso de jogadores de qualidade, independentemente de idade. Com Xerém por trás para garantir que também haja jovens de qualidade no time, os veteranos devem seguir tendo papel importante no Fluminense. E fazendo a diferença dentro do cenário nacional e sul-americano.
Fonte: O GLOBO
Tags:
Esportes