Combo Gonet-Dino é vitória do Supremo, especialmente de Gilmar e Alexandre de Moraes

Combo Gonet-Dino é vitória do Supremo, especialmente de Gilmar e Alexandre de Moraes


O “anúncio casado” de Flávio Dino e Paulo Gonet para o Supremo Tribunal Federal e a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), confirmado oficialmente pelo Palácio do Planalto nesta segunda-feira, é uma vitória do STF – e dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes em particular, que apadrinharam os dois candidatos ao longo de uma disputa que se arrastou por dois meses.

A indicação de Dino e Gonet também serve de aceno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Corte, após o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ter pavimentado, na semana passada, o caminho da aprovação na Casa de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os poderes de ministros do STF concederem decisões individuais.

Aliados de Lula disseram nesta manhã à equipe da coluna que a indicação de Dino e Gonet era uma forma de tentar agradar os dois ministros. “O Supremo está muito forte”, comentou um interlocutor bem próximo de Lula.

De acordo com esse amigo, o presidente da República sabe que pode enfrentar dificuldades no Congresso, mas preferiu bancar Dino, que sempre foi seu candidato, e ter os ministros como aliados, do que tentar alguma indicação que não agradasse Gilmar e Moraes.

Gonet – que já foi sócio de Gilmar no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) – e Dino são amplamente respeitados e possuem bom trânsito dentro do Supremo. A dobradinha também impõe uma derrota em dose dupla para o PT, que tentava emplacar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga que ficou com Dino – e o subprocurador-geral da República Antonio Carlos Bigonha para a chefia da PGR, no lugar de Gonet.

“Lula achou Bigonha ambicioso demais, quase um novo Janot”, resumiu um interlocutor do presidente ouvido reservadamente pela equipe da coluna.

Com a indicação de Gonet, Moraes agora terá um aliado à frente da PGR, com quem viveu às turras ao longo dos quatro anos da gestão Augusto Aras.

A escolha da chefia da PGR era crucial para o ministro do Supremo, que é relator das principais investigações que vêm fechando o cerco contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, como o caso das joias sauditas, a fraude na carteira de vacinação, o inquérito das milícias digitais e apuração dos atos golpistas de 8 de Janeiro.

"O presidente Lula indicou dois grandes juristas e competentes homens públicos para o Supremo Tribunal Federal e para a Procuradoria Geral da República. Flávio Dino e Paulo Gonet são escolhas sérias e republicanas e, uma vez aprovados pelo Senado Federal, contribuirão para o fortalecimento de nosso Estado Democrático de Direito", escreveu Moraes em sua conta pessoal no X (ex-Twitter) após a confirmação das indicações.

O "empoderamento" dos ministros do Supremo, no entanto, causa apreensão dentro da PGR, que tem contrariado os interesses de Moraes, mesmo com o fim da gestão Aras, como no caso das investigações da agressão ao ministro e sua família no aeroporto de Roma. "Lula entregou a chefia do Ministério Público para o Gilmar e o Moraes", critica um integrante da cúpula da PGR ouvido reservadamente pela equipe da coluna.

Conforme informou o blog, após a tensão criada pela aprovação da PEC, Lula fez uma reunião de emergência no Palácio do Planalto na última quinta-feira com três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar aliviar o clima.

De acordo com relatos dos participantes da reunião, o presidente disse que “ninguém levou o problema para ele” e que foi surpreendido com a aprovação da emenda em dois turnos no Senado – e com o voto de Jaques Wagner, além de senadores da base como Otto Alencar (-BA) e Angelo Coronel (PSD-BA).


Fonte: O GLOBO

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