Cavani, defesa e dificuldade em dominar: os pontos fortes e fracos do Boca, rival do Fluminense na final da Libertadores

Cavani, defesa e dificuldade em dominar: os pontos fortes e fracos do Boca, rival do Fluminense na final da Libertadores

Argentinos chegaram à decisão sem qualquer vitória no mata-mata, mas trazem ferramentas táticas que podem preocupar o tricolor

Depois de passar por confrontos dificílimos no mata-mata da Libertadores, o Fluminense encara neste sábado, na grande final da competição, um Boca Juniors pouco convencional. Seis vezes campeões da América, os xeneizes chegaram à decisão sem vencer uma partida sequer na fase eliminatória. Um cenário que ajuda a contar algumas das forças e fraquezas do time argentino nesta temporada.

O Boca a iniciou disputando sete competições, mas o que se vê é um time agarrado à campanha na Libertadores, esperança competitiva e financeira. A final também é importante para o técnico Jorge Almirón, que não é unanimidade na Argentina.

Finalista da Libertadores com o Lanús, derrotado pelo Grêmio em 2017, o treinador de 52 anos tenta garantir sua primeira taça continental. No Boca, constrói uma ideia de jogo de solidez defensiva, mas que esbarra em dificuldades ofensivas e falta de consistência. São 16 vitórias, 12 empates e 10 derrotas à frente do clube, um aproveitamento de 52,6%.

Na véspera da final, O GLOBO separou pontos fortes e fracos do Boca Juniors. Confira:

PONTO FORTE: consistência defensiva

Para chegar tão longe sem ganhar os jogos eliminatórios, o Boca precisou formar um sistema defensivo sólido. Foram apenas três gols sofridos no mata-mata, marca que é fruto de um trabalho voluntarioso, de esforço coletivo na marcação. O time de Almirón não terá o zagueiro Rojo, suspenso, um duro golpe num esquema que por vezes tem cinco jogadores na defesa.

O técnico do Boca, Jorge Almirón — Foto: Roberto Moreyra

O treinador preza muito pela superioridade numérica no campo, então cobra de seus jogadores que fechem todas as linhas de passe possíveis na fase defensiva, poluindo a visão de quem está com a bola e dando tempo para a recomposição. Foi assim que segurou o alto volume de jogo do Palmeiras na semifinal.

O time costuma se defender com duas linhas de quatro jogadores bem próximas, com a possibilidade de ter um dos atacantes — com exceção de Cavani — voltando para aumentar uma dessas linhas para cinco atletas.

PONTO FRACO: dificuldade em dominar

Por jogar de forma cautelosa, o Boca tende a esperar o adversário em seu campo, aproveitando dos erros na construção. Ou um roubo numa eventual subida da marcação, o que deve acontecer muito raramente na final.

Boca ficou 50 minutos à frente do Palmeiras — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Essa proposta faz com que os argentinos tenham pouquíssima experiência liderando e controlando vantagens. Em toda a fase eliminatória, o time só ficou à frente em três janelas de tempo: quatro, e depois 28 minutos contra o Nacional-URU, nas oitavas; posteriormente, na maior delas, teve os 50 minutos vencendo o Palmeiras por 1 a 0 no segundo jogo da semifinal. Em nenhuma delas, o time de Jorge Almirón teve vida tranquila.

PONTO FORTE: Sergio Romero

Sergio "Chiquito" Romero é o grande nome do Boca nessa Libertadores. Suas defesas ajudaram a garantir as três classificações nos pênaltis até a final. Além disso, também tem sido um paredão com a bola rolando. São 34 defesas nesta Libertadores, com média de 3,79 gols evitados por jogo, segundo o Sofascore.

Romero vive grande momento — Foto: X/Twitter/Boca Juniors

Revelado pelo Racing e com duas Copas do Mundo no curríulo, o arqueiro de 36 anos vive um dos melhores momentos da carreira desde que retornou da Europa, no ano passado, onde atuou por times como Monaco e Manchester United.

PONTO FRACO: desfalques e problemas físicos

Além do desfalque de Rojo, expulso contra o Palmeiras, o Boca chega ao Rio com alguns problemas de última hora. O centroavante Benedetto e o lateral/meia-atacante Valentín Barco podem não estar nos seu 100% fisicamente. O primeiro, que sofreu uma lesão muscular no adutor da coxa esquerda, deve começar no banco, como opção a Cavani.

Benedetto treina com o time — Foto: CARL DE SOUZA / AFP

Já Barco, um dos principais talentos da equipe, vinha sem treinar na Argentina, mas voltou às atividades com bola nos treinamentos em solo brasileiro. Quem também vem de lesão é o zagueiro Valentini, que sofreu um traumatismo na perna esquerda. No início do mês passado, o time já tinha perdido o atacante Exequiel Zeballos, que rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito.

PONTO FORTE: Barco, Merentiel e jogadas pelas pontas

É exatamente com estes fatores e nesta ordem que o Boca pretende golpear o Fluminense. Quando vai à frente, o time de Jorge Almirón aposta justamente na superioridade e no erro mínimo de passes. A intenção, nesses momentos, será atrair a marcação tricolor com a movimentação e toques pelo meio até que os espaços pelos corredores apareçam.

Barco, joia do Boca, em ação — Foto: Instagram/Boca Juniors

É aí que Barco, um lateral que virou meia de apenas 19 anos (visto como joia do futebol argentino) e Merentiel, um velho conhecido do futebol brasileiro, entram: afundando pelas pontas e (ou) correndo em direção a área, esperando passes ou (principalmente) lançamentos longos. Quando uma dessas jogadas dá certo, a chance do último passe chegar em Cavani, exatamente como aconteceu contra o Palmeiras, é grande.

DÚVIDA: Cavani

Um centroavante com o calibre e com a história de Edinson Cavani jamais pode ser subestimado. Mas num jogo que promete poucas oportunidades para o Boca, a influência e a precisão do uruguaio nos lances de ataque precisará estar em alta. Até aqui, o centroavante de 36 anos marcou apenas três vezes em 13 jogos com a camisa xeneize: além da semifinal, balançou as redes na Copa Argentina e na Copa da Liga. Pelo lado bom para o Boca, dois desses gols aconteceram nos últimos três jogos que ele esteve em campo.

Cavani (centro) em treino do Boca — Foto: CARL DE SOUZA / AFP


Fonte: O GLOBO

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