Apoio de partidos de oposição a projetos de interesse do governo Lula na Câmara supera 70%; confira siglas mais fiéis

Apoio de partidos de oposição a projetos de interesse do governo Lula na Câmara supera 70%; confira siglas mais fiéis

Em temas como taxação de super-ricos, Podemos, PSDB, Cidadania e Patriota foram mais fiéis do que partidos da base

Autointitulados partidos de oposição, Podemos, PSDB, Cidadania e Patriota têm demonstrado fidelidade ao Palácio do Planalto em votações recentes na Câmara dos Deputados. Em matérias caras ao governo Lula, como a taxação dos super-ricos, aprovada na semana passada, e o arcabouço fiscal, o apoio dessas siglas foi superior a 70%, maior que de legendas da base como o PSOL e União Brasil.

Nessa ala que, pelo menos no discurso, se diz contra o petista, apenas o Partido Novo, com três deputados, tem se posicionado completamente avesso às propostas da gestão Lula. Já no PL de Jair Bolsonaro há um grupo governista de ao menos 30 parlamentares cristalizado. Eles já integravam a sigla antes da chegada do ex-presidente e pertencem, em sua maior parte, às regiões Norte e Nordeste, nas quais a esquerda tem um melhor desempenho eleitoral.

Este fato, contudo, não impediu punições por parte da direção da sigla. Em maio deste ano, Yury do Paredão (CE) foi expulso por ter “feito o L”, gesto em alusão a Lula, ao lado de ministros do governo. A medida mais severa ficou restrita ao cearense, mas, após a votação da Medida Provisória que reestruturou os ministérios, outros oito deputados foram suspensos das comissões temáticas que integravam na Câmara por terem se posicionado a favor.

Nos demais quatro partidos, há dois perfis de parlamentares: os que integram o núcleo duro do bolsonarismo e aqueles que estão dispostos a dialogar com o governo federal. No Cidadania, dos quatro deputados no exercício do mandato, apenas Any Ortiz (RS) tem adotado postura mais incisiva contra a gestão petista.

Ao GLOBO, a deputada afirma que as bandeiras que defende são “completamente diferentes” das propagadas por Lula, principalmente na área econômica. Apesar de quase sempre votar contra o governo, ela diz não se considerar de oposição:

— Sou independente: as pautas que foram positivas para o país e forem boas, vou apoiar e as que forem ruins, vou votar contra. Sou muito responsável, mas a agenda econômica tem sido horrível.

Do outro lado há nomes como Amom Mandel (AM). O jovem de 22 anos critica publicamente Lula e já o chamou de “serpente que encanta mas na verdade mente”. Nas votações, no entanto, tem apoiado suas propostas.

No PSDB, há casos similares. Candidato à Presidência nas eleições de 2014, quando disputou o segundo turno contra Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves é um dos que tem dado aval a propostas prioritárias para o governo. O tucano votou a favor da taxação dos super-ricos e da reforma tributária, e se ausentou na análise do arcabouço fiscal.

Dos 14 deputados federais do PSDB, apenas um votou contra o arcabouço fiscal, três contra a taxação dos super-ricos, dois contra a reforma tributária e quatro contra a MP que reestruturou os ministérios.

Em outra toada, o partido tem em seu quadro de 14 parlamentares oposicionistas ferrenhos como Geovania de Sá (SC) e Lucas Redecker (RS). Além de sempre votar contra o governo, Redecker assina pedidos de impeachment movidos pela oposição contra o presidente.

No Podemos e no Patriota, o contexto é o mesmo. Entre os oposicionistas, há nomes como Magda Mofatto (Patriota-GO) e Maurício Marcon (Podemos-RS), que fazem parte da bancada ruralista.

Do Patriota, Dr. Frederico (MG) é o único que votou em todas as oportunidades contra o governo, já que Mofatto esteve ausente em algumas sessões.

Para Paulo Baía, sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o aceno de integrantes da oposição ao governo federal, muitas vezes, tem o objetivo de facilitar o acesso a cargos estratégicos e a liberação de emendas parlamentares.

— Esses parlamentares são porta-vozes de prefeitos, de vereadores, de deputados estaduais e, portanto, a sua participação no governo, mesmo que eles tenham um discurso oposicionista, é vantajosa para eles e para o governo, porque acabam votando em pautas do Executivo. O resultado disso é que a política fica na “mesmice”, sem grandes confrontos — disse ele.


Fonte: O GLOBO

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