Trump se declara inocente em acusação de tentar reverter resultado das eleições de 2020

Trump se declara inocente em acusação de tentar reverter resultado das eleições de 2020

É a terceira vez em quatro meses que o ex-presidente, e principal republicano na corrida presidencial de 2024, apresenta-se a um órgão judicial por acusações criminais

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se apresentou, na tarde desta quinta-feira, a um tribunal federal em Washington para ouvir as acusações de que liderou uma conspiração criminosa para reverter os resultados das eleições presidenciais de 2020, tentando fraudar direitos dos cidadãos americanos e processos democráticos do país para se manter no poder. Trump se declarou inocente das acusações diante do tribunal.

Trump chegou ao E. Barrett Prettyman por volta das 16h20 (em Brasília), onde foi registrado, teve as impressões digitais colhidas, mas foi poupado de ser fotografado e algemado antes de ir à corte para ser oficialmente apresentado às acusações feitas contra ele no caso liderado pelo promotor especial Jack Smith, na última terça-feira.

Pouco antes das 16h (17h em Brasília), Trump entrou na principal corte do tribunal, e esperou por alguns minutos pela juíza de investigação Moxila Upadhyaya. Ao ser perguntado sobre seu nome, Trump se levantou e caminhou em direção à juíza, sendo chamado a voltar ao seu lugar e declarar no microfone. A magistrada repetiu a pergunta, e Trump respondeu:

—Sim, meritíssima, Donald J. Trump, John — disse o ex-presidente, que também confirmou sua idade (77 anos) e que não estava sob efeito de drogas.

Trump chega à corte E. Barrett Prettyman, em Washington, para ser oficialmente acusado. — Foto: Alex Wong/Getty Images via AFP

Em seguida, Upadhyaya leu as acusações e explicou as penas máximas possíveis para cada uma delas. Após esclarecer que o ex-presidente teria o direito de ficar calado, perguntou se ele entendeu as acusações. Trump respondeu que sim. Questionado sobre como se declara das acusações, Trump negou culpa.

— Inocente — disse Trump, referindo-se a todas as acusações.

Durante a audiência, o advogado de defesa de Trump, John Lauro, questionou a juíza sobre o julgamento rápido pedido pelo promotor especial Jack Smith. Lauro afirmou que utilizar o instituto para o caso do ex-presidente era "um tanto absurdo" pelo volume de informações e fatos a serem analisado — ainda de acordo com o advogado, no sistema de Speedy Trial, o caso teria que ser julgado em 70 dias.

O argumento de Lauro é de que o governo teve anos para investigar o assunto antes da acusação, de modo que a defesa precisaria ter um prazo razoável para representar o cliente de maneira justa — o que, segundo analistas, pode indicar a intenção do ex-presidente de postergar o caso o máximo possível, para não prejudicar a eleição. A magistrada instruiu a defesa a fazer um registro por escrito perante a juíza que analisará o mérito do caso, Tanya Chutkan, uma juíza federal que já emitiu uma decisão contra ele em um caso em 2021.

O ex-presidente viajou de Nova Jersey para Washington na tarde desta quinta. Antes de embarcar para a capital americana, fez uma série de publicações na Truth Social, rede social que criou após deixar a Casa Branca em 2021, nas quais voltou a atacar as eleições de 2020 e o presidente Joe Biden, além de dizer que estaria indo para Washington para "ser preso" — o que não corresponde com a realidade.

"Estou a caminho de Washington, D.C., para ser preso por ter desafiado uma eleição corrupta, manchada e roubada. É uma grande honra, porque estou sendo preso por vocês. Torne os EUA grandes novamente!", escreveu o republicano. "Os democratas não querem competir comigo, senão não recorreriam a essa instrumentalização inédita da 'Justiça'. Mas logo, em 2024, será a nossa vez", acrescentou.

Ao deixar Washington, Trump falou rapidamente com a imprensa antes de embarcar em seu avião particular. O ex-presidente disse se tratar de "um dia triste para os EUA" e repetiu o discurso que vem repetindo nos últimos dias, que as acusações contra ele são uma perseguição política que não deveria acontecer no país.

A Casa Branca não se manifestou sobre a audiência do ex-presidente, mantendo o distanciamento dos casos legais de Trump que vem adotando até aqui.

É a terceira vez em quatro meses que o ex-presidente, e principal republicano na corrida presidencial de 2024, apresenta-se a um órgão judicial por acusações criminais. Mas será o mais importante, o começo do que os promotores dizem que deveria ser um reconhecimento por seus esforços multifacetados para minar um dos princípios fundamentais da democracia americana.

Enfrentando uma série de casos na Justiça americana, Donald Trump se vê diante do possível esgotamento de recursos para sua campanha eleitoral após ter investido milhões de dólares nos gastos legais de defesa. O movimento "Save America" já gastou mais de US$ 20 milhões em custos judiciais — valor cinco vezes maior ao que restava no fim de junho para o fundo da campanha.

(Com The New York Times e AFP)


Fonte: O GLOBO

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