Planta nunca antes catalogada foi encontrada em uma das regiões mais negligenciadas do Espinhaço, de acordo com pesquisadores
Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) descobriram uma nova espécie de planta, semelhante à oliveira, na Cordilheira do Espinhaço - a única do país, em Monte Azul, Minas Gerais. A planta, batizada de Chionanthus monteazulensis em homenagem ao local onde foi encontrada, faz parte da família Oleaceae, a mesma das oliveiras, e produz frutos semelhantes às azeitonas tradicionais.
Em entrevista ao Jornal da USP, o pesquisador responsável, Danilo Zavatin, contou ter ficado surpreso com a descoberta, pois para encontrar uma nova espécie de planta geralmente é necessário um longo processo de coleta de dados e evidências. Além disso, a 'prima' da oliveira foi encontrada em uma das regiões mais negligenciadas na Cordilheira do Espinhaço.
— No primeiro dia em que chegamos ao local, onde fomos recebidos pelo Instituto Florestal de Minas, a primeira planta que eu achei foi justamente essa espécie nova. No momento, desconfiei porque não consegui identificar nem mesmo a família dela — contou Danilo Zavatin em entrevista ao Jornal da USP.
A expedição de Zavatin à cordilheira faz parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), criado para preservação ambiental da região. Também chamada de 'Serra do Espinhaço', a cordilheira tem mais de 1.000 quilômetros de extensão, picos que podem chegar a 2 mil metros de altitude e abrange regiões como a Chapada Diamantina e Serra dos Cristais, destinos famosos pelo turismo.
— As expedições buscam por espécies-alvo, aquelas criticamente ameaçadas de extinção e as que não são avistadas há tempo. Quando vamos ao campo, existe um planejamento prévio, com uma lista de plantas de diversas famílias — explicou o pesquisador.
Para que a nova espécie seja catalogada, antes é preciso publicar um artigo científico com informações sobre a planta e sua descoberta, com dados como a altitude onde foi encontrada e tipo de solo. É nessa etapa também que o nome da planta é definido por quem a descobriu.
O estudo sobre a nova espécie Chionanthus foi publicado na revista Phytotaxa e novas pesquisas já estão em andamento junto ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) para avaliar se a nova planta já está em processo de extinção.
Fonte: O GLOBO
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