Após demissão de ministra, PT acena a Waguinho com obras em Belford Roxo e vaga de vice em 2024

Após demissão de ministra, PT acena a Waguinho com obras em Belford Roxo e vaga de vice em 2024

Depois da saída de Daniela Carneiro do Turismo, governo Lula faz afagos de olho em presença na Baixada Fluminense em 2024

Em um movimento para amarrar a aliança com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos), único gestor da Baixada Fluminense que apoiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, o PT vem acumulando gestos que incluem distribuição de verbas, cargos e a promessa de uma composição nas eleições municipais do próximo ano. 

Dirigentes do partido no Rio têm a intenção de indicar o vice da chapa que será lançada por Waguinho à sucessão na prefeitura, e que terá como provável candidato seu sobrinho, Matheus Carneiro.

Segundo o presidente do PT fluminense, João Maurício, o partido “está namorando” uma aliança em Belford Roxo. O PT fez parte da coligação de Waguinho nas eleições de 2016 e 2020. Nesta última, a parceria gerou celeuma na direção nacional do PT, por conta da proximidade entre Waguinho e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à época. Todos os ex-presidentes vivos do PT, à exceção de Lula, assinaram uma carta na ocasião, pedindo a revogação da aliança, mantida pelo diretório estadual.

— O PT vai pleitear o posto de vice, mas estaremos com Waguinho independentemente disso — diz Maurício.

O esforço petista é uma reação à demissão da deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ), mulher de Waguinho, do Ministério do Turismo no início de julho. Após a fritura de Daniela, substituída por Celso Sabino (União-PA) na pasta, depois de balançar por cerca de um mês, o governo Lula direcionou recursos para a prefeitura comandada por Waguinho, na tentativa de apaziguar o desgaste do casal.

O Ministério da Saúde autorizou, desde junho, repasses de R$ 13,6 milhões para Belford Roxo em verba de custeio para a saúde municipal. O recurso fazia parte do antigo orçamento secreto, redirecionado à pasta após ser extinto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O município foi o sétimo mais contemplado do país.

Waguinho se reuniu em junho com a ministra da Saúde, Nisia Trindade, para pleitear o incremento do teto financeiro de média e alta complexidade da Saúde, medida que aumenta o espaço para direcionamento de recursos. Uma semana depois, a Saúde publicou portaria ampliando o teto anual do município, de R$ 42,7 milhões, com mais R$ 75,3 milhões a partir de julho, incluindo uma transferência única de R$ 25 milhões.

Após a demissão de Daniela, Waguinho vem cobrando Lula a visitar Belford Roxo para anunciar as futuras construções, na cidade, do Hospital do Câncer da Baixada e da nova sede do Instituto Federal do Rio (IFRJ). Waguinho reforçou a suposta promessa feita por Lula em reunião com um grupo de pastores evangélicos na prefeitura, há cerca de um mês — o diálogo do prefeito e de Daniela com as igrejas é tido como um dos principais atrativos da aliança para o PT, que tem dificuldades no segmento.

Em 2020, antes do compromisso com a reforma do IFRJ, Waguinho chegou a articular, junto com a Câmara Municipal de Belford Roxo, o despejo da escola técnica de metade do terreno que ocupa atualmente, em contêineres. O terreno foi cedido pela prefeitura, que desejava retomá-lo. A Justiça Federal suspendeu o despejo.

Interlocutores de Lula no Palácio do Planalto afirmam que o presidente “vai ajudar” Waguinho com as obras, mas frisaram que o futuro Hospital do Câncer será uma unidade municipal. A avaliação do entorno do presidente é que parte dos recursos deve partir ou da prefeitura ou de emendas parlamentares de Daniela — só em emendas impositivas, cada deputado podia indicar 32 milhões neste ano, sendo metade para a saúde.

No pacote que integra o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Belford Roxo foi contemplada com a retomada de obras de 1,4 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, além de projetos de saneamento e construção de escolas.

Centro da articulação

Em outra compensação pela perda do Ministério do Turismo, o governo Lula acenou com cargos para aliados do casal Waguinho e Daniela. Ex-diretor do Instituto de Previdência de Belford Roxo, Pedro Paulo Silveira foi nomeado em julho para a superintendência de Patrimônio da União (SPU) no Rio.

Waguinho também articula emplacar um apadrinhado na superintendência estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas o pedido travou no Ministério do Meio Ambiente.

Integrantes do PT apontaram que o prefeito de Belford Roxo também teria interesse em nomear aliados em hospitais federais do Rio, mas Waguinho negou ao GLOBO ter articulações nesse sentido.

Aliado de Waguinho e vice-presidente nacional do PT, o deputado federal Washington Quaquá defende a aproximação com deputados e prefeitos da Baixada que estão em partidos da antiga base de Bolsonaro, como PL, PP e Republicanos, mas que já fizeram acenos ao governo Lula.

— Waguinho precisa ser o centro da nossa articulação na Baixada. Ele sempre foi um aliado leal — afirmou Quaquá.


Fonte: O GLOBO

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