Base do governo esvazia CPI dos atos antidemocráticos no Senado, que deve ser enterrada

Base do governo esvazia CPI dos atos antidemocráticos no Senado, que deve ser enterrada

Senadores do PT, PSB, PSD, PDT e MDB irão retirar assinaturas

Porto Velho, RO
- Sem conseguir confirmar o apoio necessário para ser instalada no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos não deve mais sair do papel. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), havia dado até esta sexta-feira para que os parlamentares que haviam assinado o requerimento em janeiro endossassem novamente a criação do colegiado, o que não ocorreu. 

No entanto, um outro pedido de CPI mista, formada por deputados e senadores, foi apresentado no Congresso e continua válido.

No caso do requerimento restrito a senadores, como foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União-MS) em janeiro, ou seja, na Legislatura passada, Pacheco condicionou sua instalação à confirmação das assinaturas.

Integrantes da base que assinaram lá atrás, porém, têm dito que não vão endossá-la novamente, enquanto senadores de oposição preferem deixar essa CPI exclusiva do Senado morrer para apostar na CPMI (comissão mista), que já foi apresentada ao Congresso.

PT, PSB e PDT já orientaram todos os senadores a não apoiarem a comissão. Já PSD e MDB não vão fechar questão sobre o caso, mas a maioria dos parlamentares tende também a não embarcar na iniciativa.

O prazo dado por Pacheco foi uma resposta dada à pressão de Soraya para a instalação da CPI. O presidente do Senado determinou que a parlamentar atualize o requerimento com os senadores que atualmente continuam querendo apoiar o colegiado. Mesmo não conseguindo o apoio necessário nesta sexta, nada impede da senadora reunir mais assinaturas em outro período.

Entre os parlamentares que assinaram lá atrás e agora não vão mais assinar estão Rogério Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA), Paulo Paim (PT-RS), Fabiano Contarato (PT-ES), Humberto Costa (PT-PE), Weverton Rocha (PDT-MA) Leila Barros (PDT-DF), Jorge Kajuru (PSB-GO) e Flávio Arns (PSB-PR).

A base do governo apoiou maciçamente o requerimento da senadora do União Brasil em janeiro, mas hoje rejeitam o instrumento. A virada de posição aconteceu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar em entrevista à GloboNews que a CPI pode causar "uma confusão tremenda".

O senador Paulo Paim (PT-RS) reconhece que há uma articulação do governo para esvaziar a CPI.

– Todos os senadores do PT não assinarão. É uma decisão tomada e todo mundo sabe que é decisão de governo. Quem é governo não tem interesse em CPI, que é para tirar o foco dos grandes programas que nós estamos anunciando. É dar palco para a oposição – afirmou.

Os atos foram promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que depredaram os prédios dos Três Poderes e queriam um golpe contra Lula. Parlamentares da oposição tentam responsabilizar o governo pelos ataques e acusam o Palácio do Planalto de omissão.

Mesmo a oposição a Lula no Senado decidiu que não vai fortalecer a CPI de Soraya. Nomes como Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Rogério Marinho (PL-RN) disseram que preferem apoiar a CPMI requerida pelo deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE).

— A decisão do nosso bloco é de apoiar a CPMI — declarou Mourão.

A CPMI ainda precisa de uma sessão do Congresso para ser instalada, mas não há previsão da reunião acontecer.

O líder do MDB, Eduardo Braga, assinou em janeiro a CPI de Soraya, mas agora cita a máxima de que CPI "sabe como se começa, mas não como termina" e não deve apoiar mais. O parlamentar ainda vai se reunir com outros senadores para definir posição sobre o assunto. O partido tem três ministérios no governo.

Na mesma linha, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) declarou que deve retirar sua assinatura. De acordo com ele, a maioria do PSD deve desembarcar da tentativa de construir a CPI.

– A inclinação é não apoiar, o PSD tem uma peculiaridade de liberar a bancada, mas a tendência é não apoiar – declarou o senador.

Em janeiro, 12 senadores do PSD assinaram o pedido de Soraya. A legenda faz parte da base lulista e tem três ministérios, sendo eles dois nomes ligados à bancada do Senado.

Coronel disse que o contexto de janeiro era diferente do atual e que por isso ele não vê mais elementos para endossar a CPI.

– Estamos conversando paralelamente, via telefone, e eu sinto que a tendência é não apoiar agora. Temos uma concepção que é papel do Ministério Público e da Polícia investigar esses atos – afirmou.

Líder do PSB no Senado, Jorge Kajuru (GO) declarou que apoia o pedido de Soraya, mas mesmo assim vai retirar a assinatura porque foi uma decisão tomada por seu partido. Assim como o PSD e o MDB, o PSB tem três ministros, sendo um deles o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Kajuru afirmou que a CPI da senadora é "sem revanchismo" e a diferenciou da CPMI de André Fernandes, que classificou de "politiqueira". Mesmo assim, o senador disse que vai seguir a orientação governista.

– Eu não posso assinar porque o meu partido, do qual eu sou líder, o PSB, é contra a CPI porque acha que isso vai prejudicar o governo do Lula nesse começo difícil em que nós precisamos de crescimento econômico e desenvolvimento social – declarou.


Fonte: O GLOBO

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