Fernando Haddad continua sendo nome mais forte para a Economia, dizem interlocutores de Lula

Fernando Haddad continua sendo nome mais forte para a Economia, dizem interlocutores de Lula

Ontem, em evento com banqueiros, o ex-prefeito de São Paulo frustrou as expectativas do mercado ao não falar da PEC da Transição

Porto Velho, RO -
Mesmo após frustrar as expectativas do mercado financeiro em relação ao anúncio das regras fiscais que serão adotadas no próximo governo, durante participação em almoço com banqueiros promovido pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), segue como o nome preferido de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério da Fazenda. A avaliação é de pessoas próximas ao presidente eleito, segundo apurou O GLOBO, durante encontro do Grupo Esfera, no Guarujá, litoral de São Paulo.

Interlocutores de Lula afirmam que, embora tenha sido genérico em suas declarações na Febraban, Haddad não disse nada que tenha desagradado ao mercado — evitando, portanto, deslizes num momento delicado da transição. O Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, fechou em queda de 2,5% ontem, após as falas de Haddad.

As frustrações, avaliam integrantes da equipe de Lula, veio da ausência de uma declaração do ex-prefeito a respeito da PEC da Transição.

Interlocutores afirmam que o ex-ministro da Educação demostrou "maturidade" ao não tratar da PEC durante seu discurso. Como Haddad não está participando da articulação da proposta, qualquer fala poderia gerar um desconforto com o Congresso, em especial com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

Como revelou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, Haddad admitiu, em conversas privadas, que que poderia ter avançado sobre outros temas, como o da responsabilidade fiscal.

Empresários presentes no evento no Guarujá disseram reservadamente à reportagem que o ex-ministro tem se mostrado mais aberto ao diálogo e que sua fala na Febraban, apesar de vaga, foi "coerente".

Embora negue ter recebido convites de Lula para a Fazenda, Haddad viajou com o presidente eleito para a COP-27 e foi ao evento de sexta na Febraban como um representante do presidente eleito. As duas agendas foram interpretadas como sinais fortes de que Lula o quer no cargo.

Na saída do evento, entretanto, Haddad afirmou que a PEC da Transição terá um 'denominador comum' com muito diálogo. Ele afirmou a jornalistas que há muita expectativa em relação à PEC, mas que as pessoas que estão discutindo o assunto vão chegar a um número.

- Há gente qualificada trabalhando. Vai se chegar a um denominador comum - afirmou Haddad na saída do almoço na Febraban.

Ele avalia que só depois de fechada essa etapa da transição seja razoável discutir as novas regras fiscais para o país, já que o teto de gastos "acabou", segundo ele.

A PEC da Transição é uma proposta de Emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento de 2023 para novas despesas. Foi apresentada pelos aliados do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quarta-feira passada e prevê que o programa Bolsa Família de R$ 600 fique fora do teto de gastos por quatro anos.

No formato de hoje, o texto tira o Bolsa Família do teto de gastos (a norma que trava as despesas federais), a um custo de R$ 175 bilhões. Mas não há consenso sobre o prazo. O PT quer que o Bolsa Família fique quatro anos fora do teto de gastos, enquanto muitos deputados e senadores, incluindo bolsonaristas, querem dar esta permissão apenas em 2023. Uma corrente de senadores do centro defende uma solução intermediária, com a PEC valendo por dois anos.


Fonte: O GLOBO

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