Explosão na Polônia provavelmente foi causada por míssil da Ucrânia, diz líder da Otan

Explosão na Polônia provavelmente foi causada por míssil da Ucrânia, diz líder da Otan

 

Aliança, porém, não tira responsabilidade da Rússia; Moscou culpa Kiev e elogia EUA por 'reação comedida'

Porto Velho, RO - O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta quarta-feira (16) que a explosão que matou duas pessoas na Polônia na véspera provavelmente foi produzida por um míssil de defesa aérea da Ucrânia. O foguete foi lançado por um S-300, antigo modelo soviético que é também o principal sistema antiaéreo de Kiev.

Para o norueguês, isso não significa que o Exército de Volodimir Zelenski possa ser responsabilizado pelo incidente na pequena cidade de Przewodow, no leste do país e perto da divisa ucraniana, porém. "A Rússia carrega, em última instância, a responsabilidade, já que segue com sua guerra ilegal contra a Ucrânia", ele afirmou.

A fala resume a confusão retórica que ronda o incidente, que aumentou os temores de uma escalada do conflito ao ter como palco em um país-membro da Otan. Como a aliança militar tem como princípio a defesa coletiva, isto é, a garantia de proteção militar a qualquer membro do bloco, um ataque a um Estado da organização pode ser considerado uma ofensiva contra todos os demais.

A Ucrânia nega que o míssil tenha vindo de seu país, e diz que a hipótese não passa de uma "teoria da conspiração" difundida pela Rússia. "Isso não é verdade. Ninguém deveria acreditar na propaganda russa ou amplificar suas mensagens", escreveu o ministro das Relações Exteriores do país, Dmitro Kuleba.
Além da Otan, porém, vários outros membros da comunidade internacional repetiram as suspeitas de que o foguete veio da Ucrânia. Em um encontro com repórteres nesta quarta-feira (16), o presidente da Polônia, Andrzej Duda, afirmou o mesmo, acrescentando que "absolutamente nada indica que isso foi um ataque proposital" contra o seu país.

Falas semelhantes foram feitas pela ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder, e, segundo fontes da Otan, pelo próprio Joe Biden a aliados. O presidente americano havia dito que informações preliminares sugeriam que o míssil podia não ter sido disparado do território russo na noite anterior, em um rápido pronunciamento após uma reunião urgente do G7 sobre o episódio.

A "reação comedida" dos Estados Unidos foi elogiada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele, que responsabilizou a Ucrânia pela explosão, acusou altos funcionários de países ocidentais de fazerem alegações sem provas sobre o envolvimento russo no caso. "Estamos testemunhando mais uma reação histérica, delirante e russofóbica que não tem base em nenhum dado real", disse.

Seja como for, a indicação de que a explosão não foi um ataque premeditado da Rússia diminui a possibilidade de desdobramentos mais graves. O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou que seu governo ainda analisa se acionará o Artigo 4 da Otan, mas que isso não parece necessário a essa altura.

O procedimento prevê que membros da aliança façam consultas internas sempre que, na opinião de qualquer um deles, "a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer uma das partes estiver ameaçada".

Fonte: Folha de São Paulo

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