China deve descumprir meta de crescimento pela 1ª vez em 33 anos; premier apela por medidas de estímulo

China deve descumprir meta de crescimento pela 1ª vez em 33 anos; premier apela por medidas de estímulo

Segundo rádio estatal, Li Keqiang alertou que dificuldades hoje são maiores do que em 2020. Analistas preveem PIB de 4,5%, bem abaixo da meta de 5,5%

Porto Velho, RO - O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, afirmou nesta quarta-feira que as dificuldades econômicas do país hoje são maiores do que em 2020 e apelou por mais medidas de estímulo para assegurar que o a economia cresça num ritmo razoável, segundo relato da Rádio Nacional Chinesa.

Pela primeira vez em três décadas, a China deve descumprir por uma margem elevada sua meta de crescimento anual. O governo definiu o objetivo de crescer 5,5% este ano, mas a expansão do PIB deve ficar em 4,5% segundo a média das mais recentes previsões.

Desde que o sistema de metas para crescimento foi adotado, há 33 anos, apenas em 1998 o governo chinês reconheceu não ter atingido seu objetivo, mas por uma margem de apenas 0,2 ponto percentual. Em 2020, por causa da pandemia do coronavírus, Pequim não definiu uma meta de expansão do PIB.

E, agora, em 2022, sucessivos lockdowns para conter uma nova onda do coronavírus, dentro da estratégia do país de Covid zero, ameaçam a expansão da economia.

Em um sinal de que o Partido Comunista chinês está sob forte pressão para entregar as metas de crescimento, os maiores jornais estatais publicaram uma longa reportagem em suas edições desta quarta-feira enumerando as conquistas econômicas do presidente Xi Jinping.

Sob o título “As previsões para o desenvolvimento econômico da China certamente serão melhores”, a reportagem foi publicada no People’s Daily, jornal que reflete as visões do Partido Comunista, assim como no Economic Daily e no Xangai Securities News.

A reportagem cita recentes declarações de Xi sobre a necessidade de equilibrar a política do Covid Zero com as metas para a economia e a sua visão de que busca “um crescimento de alta qualidade”, aliado “a um alto nível de segurança (sanitária)”.

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Analistas têm ficado cada vez mais pessimistas com a economia chinesa este ano. Alguns, como a Bloomberg Economics, já preveem expansão de apenas 2% - o que faria a economia americana ter crescimento maior do que a chinesa neste ano pela primeira vez desde 1976.

Mas não está claro se Pequim poderá adotar medidas para estimular a economia ao máximo e evitar esse cenário, ou mesmo se o Partido Comunista não vai “adaptar” as suas metas.

Desde março, as autoridades não mencionam mais a meta de crescimento. Em vez disso, têm enfatizado repetidamente a necessidade de estabilizar os empregos – o que o governo pode conseguir subsidiando as empresas para não demitirem e, assim, mantendo a taxa de desemprego abaixo da meta de 5,5%.

Xi Jinping tem pavimentado uma estratégia de tratar a meta de crescimento como só mais um objetivo entre vários a serem perseguidos pelo governo. Documento recente do Partido Comunista afirma que a meta de PIB não é “o único critério de sucesso”.

— Pequim vai tentar ‘descer’ da meta de 5,5% (de crescimento do PIB) — avalia Houze Song, economista no think tank MacroPolo – Como o governo vai manejar esta situação nos próximos meses importa mais do que descumprir a meta propriamente dita. Se as articulações forem bem-sucedidas, haverá poucos danos.

Em 2020, pela primeira vez desde 1989, Pequim não definiu uma meta de crescimento, devido à pandemia de Covid. Mas em 2021 voltou a adotar o sistema.

No passado, a China já recorreu a artifícios como “suavizar as estatísticas” para cumprir a meta de crescimento. Mas, este ano, analistas consideram difícil usar este subterfúgio. Dados preliminares da economia em abril mostram uma forte contração do PIB.

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“O choque negativo da Covid é muito grande para ser ‘suavizado’” escreveu o banco Goldman Sachs em relatório recente.

Ao mesmo tempo, pode se tornar cada vez mais difícil estimar o quanto, de fato, a economia chinesa está crescendo. Num sinal dessas dificuldades, dados de monitoramento em tempo real do fluxo de caminhões na China, que eram usados por vários bancos e universidades para estimar o impacto dos lockdowns na economia, não estarão mais disponíveis para “pessoas não cadastradas”.

A G7 Connect, empresa que coleta essas informações, estabeleceu essas restrições de acesso às informações a partir desta quarta-feira. “O objetivo é construir conexões melhores com as pessoas e as instituições que se preocupam com as cargas rodoviárias e ajudá-los a ter informações mais acuradas e abrangentes”, afirmou a empresa em resposta a um pedido de esclarecimentos da Bloomberg News.


Fonte: O GLOBO

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