Covid: 36 mil militares da FAB e do Exército não se vacinaram

Covid: 36 mil militares da FAB e do Exército não se vacinaram


Dados sobre vacinação contra a Covid no Exército

Porto Velho, RO - Enquanto a imunização avança em todo o país, quase metade dos integrantes do Exército e da Aeronáutica ainda não está devidamente vacinada contra o novo coronavírus. O número de militares que se negaram a receber o imunizante é 32,2 mil (15%) e 4,3 mil (6,6%) nas respectivas Forças (18,79% nas duas juntas).


Dados obtidos com exclusividade pelo Metrópoles, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), revelam que cerca de 121,2 mil integrantes do Exército e 36,5 mil da Força Aérea Brasileira (FAB) foram completamente imunizados contra a Covid. Na prática, isso representa 56,3% e 54,9%, respectivamente, do total de militares das duas Forças.


A Marinha se recusou a divulgar a informação ao alegar não possuir os dados sobre vacinação. Os números foram pedidos pelo Metrópoles em novembro.

Dados sobre vacinação contra a Covid no Brasil

Dados sobre vacinação contra a Covid no Exército


Dados sobre vacinação contra a Covid na Aeronáutica



Dados sobre vacinação contra a Covid na Marinha



Em comparação, mais de 142 milhões de brasileiros, o equivalente a 78,3% da população com mais de 12 anos, foram devidamente imunizados contra a Covid-19. Esses números foram atualizados na quinta-feira (26/12) pelo consórcio de veículos de imprensa.

As Forças Armadas exigem que seus servidores se vacinem contra febre amarela, tétano e hepatite B – mas não contra a Covid-19.



No total, 182,9 mil militares da ativa do Exército e 62,1 mil da Aeronáutica tomaram ao menos uma dose da vacina.

Os dados revelam ainda uma baixa taxa de militares que tomaram a dose de reforço, o que, segundo especialistas, pode estar associada a um alto contingente de jovens na corporação.

Negacionismo

Para o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (RS) Pedro Hallal, os dados confirmam a hipótese de negacionismo, que tenta se espalhar pelo Brasil. “Infelizmente, tem se espalhado mais nas Forças Armadas do que na sociedade civil”, aponta ele.

O Ministério da Defesa esclareceu, sobre a vacinação contra a Covid-19, que “os militares das Forças Armadas seguem as mesmas regras adotadas para a população brasileira”.

A reportagem questionou se a pasta fez alguma campanha interna para incentivar seus servidores a se vacinarem, mas não houve respostas. Os comandantes do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira; da Marinha, almirante Almir Garnier Santos; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, também foram procurados para informar se foram vacinados contra a Covid, mas, do mesmo modo, não se manifestaram. O espaço segue aberto.

Até a mais recente atualização desta matéria, a FAB não havia respondido aos questionamentos da reportagem. O espaço continua aberto para qualquer manifestação.

A baixa taxa de vacinação entre os militares contrasta com a alta quantidade de infectados pelo novo coronavírus nas fileiras das Forças Armadas. Como revelou o Metrópoles, em novembro do ano passado, ao menos 67,4 mil militares foram diagnosticados com a Covid-19, e 175 morreram em decorrência da doença. Esses dados incluem a Marinha.

Ao todo, as Forças Armadas – Marinha, Exército e Aeronáutica – têm 359 mil militares. Na prática, isso significa que 18,8% do efetivo total foi diagnosticado com o novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Ou seja, praticamente um a cada cinco militares pegou a doença. A taxa de contaminação é quase o dobro se comparada à da população em geral.

O médico infectologista Julival Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), questiona se os militares, durante a pandemia, cumpriram as medidas preventivas contra a disseminação do novo coronavírus, como o uso de máscara e o distanciamento mínimo. “Se isso não aconteceu, a probabilidade de transmissão vai ser maior entre eles”, explica o médico.

Ribeiro ressalta também que os militares das Forças Armadas são, em sua maioria, jovens. Isso ajuda a explicar a alta contaminação e, também, paradoxalmente, o baixo número de mortes entre os membros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Levando em conta as 175 mortes registradas entre os militares, a taxa de letalidade é de 0,26%; o mesmo índice, entre a população geral do país, é de 2,8%.

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