CHEGA DE DESRESPEITO NO TRANSPORTE COLETIVO EM PORTO VELHO

CHEGA DE DESRESPEITO NO TRANSPORTE COLETIVO EM PORTO VELHO

A surpreendente paralisação de motoristas do sistema de transportes coletivos da capital, semana passada, mostra quanta leviandade é perpetrada, sob o pretexto de defesa do trabalhador. Não se há de discutir a justeza da reivindicação dos motoristas. Afinal, como todos os trabalhadores deste país, eles também vêm sendo punidos com o achatamento de seus salários, decorrente da política recessiva que se diz necessária para controlar o monstro inflacionário. Mas, convenhamos, bem que a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes de Passageiros em Rondônia (SITETUPERON) poderia ter sentado à mesa com os empresários, antes de impor mais um sacrifício à população, que foi apanhada de surpresa com a paralisação. Pretender reajuste de salário, penalizando a população, que é a razão de ser do sistema, é de uma ignomínia sem par. Já não bastassem os absurdos, freqüentemente praticados contra o usuário, como superlotação, sujeira, horário de tráfego irregular, falta de assentos nos coletivos, o cidadão ainda é desrespeitado no seu direito constitucional de ir e vir. A cada novo aumento tarifário, são rememoradas as queixas que toda a população formula, tanto porque se sente explorada, quanto por identificar deficiências no serviço. Categoria premiada como um dos negócios mais lucrativos do país, os empresários de transportes coletivos sempre prestaram serviços cujo pagamento se faz antecipado. Com a criação do vale transporte, que se supunha vantajoso para o trabalhador, ampliaram-se as perspectivas de ganho para esse segmento empresarial. Antes mesmo que qualquer passageiro apanhe um ônibus, já engordou a conta das empresas com o valor correspondente. Os empresários vivem reclamando de barriga cheio. O pior é que o prefeito acaba sempre cedendo às pressões do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (SET) por novos reajustes nos preços das tarifas, sob os mais estapafúrdios argumentos, como se os usuários fossem um bando de imbecis. Lamentavelmente, quem acaba pagando a conta, no final, é o povo, que só é lembrado, por uma parcela de políticos, às vésperas dos pleitos. Não se trata de ser contra a reivindicação dos motoristas de ônibus. Nada disso. Mas é preciso que as coisas sejam feitas com o mínimo de coerência, responsabilidade e, sobretudo, respeito à população, que não pode ficar à mercê de interesses pessoais ou de grupos, que em nada contribuem à resolução dos graves e complicados problemas que afligem o setor de transportes coletivos da capital.
AUTOR: WALDEMIR CALDAS

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