Setor de aço no Brasil pede aumento de tarifa contra produto chinês. Nos EUA, Biden quer triplicar taxação

Setor de aço no Brasil pede aumento de tarifa contra produto chinês. Nos EUA, Biden quer triplicar taxação

 

Siderúrgicas brasileiras pedem que Imposto de Importação aumente para 25%. Hoje, as alíquotas estão em 11%

Porto Velho, Rondônia - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quer triplicar as tarifas sobre o aço e o alumínio chineses importados pelo país, por considerar que há “uma concorrência injusta”, que prejudica os trabalhadores americanos. As tarifas chegariam a 25%, segundo a agência Bloomberg. A queixa contra as importações desses produtos não se resumem aos EUA: na próxima quarta-feira, o Brasil vai analisar um pleito do setor siderúrgico para elevar as tarifas sobre esses itens.

O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve analisar o pleito do setor siderúrgico para elevar, também a até 25%, as tarifas de importação de aço. Segundo interlocutores do governo, estão incluídos laminados, chapas e tubos.

Hoje, as alíquotas brasileiras estão em torno de 11%. O setor alega que há uma invasão de aço no Brasil, originário, principalmente, da China e da Rússia.

A Camex é formada por dez ministérios. Junto com o argumento de que um setor inteiro pode fechar empresas e demitir, há a preocupação com a inflação, já que um aumento de tarifa acaba tendo impacto nos preços ao consumidor.

Da parte dos grandes compradores de siderúrgicos, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, afirma que uma alta da tarifa para 25% faria com que o preço interno subisse 15%.

— Se o problema é o aço chinês, por que não pedir uma investigação por dumping ou subsídio? Por que não podemos comprar os produtos de outros países? — perguntou Velloso.

Já o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcelo Leite, disse que o aço representa o maior custo dos produtos. Leite afirmou que o segmento reconhece a importância de as indústrias siderúrgicas brasileiras se fortalecerem para concorrer com os importados e sugeriu que sejam realizados estudos, junto com o governo e todos os integrantes da cadeia.

— Queremos uma cadeia do aço pujante, com bastante vigor. Mas não se trata apenas de uma análise restrita à tarifa, e sim de encontrar formas de aumentar a competitividade — enfatizou Leite.

Em fevereiro deste ano, cinco produtos de aço que tiveram as tarifas de importação reduzidas em 2022 voltarão a pagar as alíquotas originais para entrar no país. O Gecex aprovou a medida, atendendo parcialmente a pedidos dos produtores nacionais, que alegavam concorrência desleal.

Há dois anos, o governo rebaixou unilateralmente em 10% o Imposto de Importação de uma série de insumos industriais. Segundo o Gecex, a decisão representava uma recomposição e o órgão continua a analisar pedidos para restaurar a alíquota de outros produtos abrangidos pela redução das tarifas.

Nos EUA, medida mais política que econômica

Nos Estados Unidos, Joe Biden, que disputa a reeleição, pediu ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, sigla em inglês) para triplicar as tarifas atuais, de 7,5% em média, impostas a uma parte do aço e do alumínio chineses importados pelos Estados Unidos.

— As siderúrgicas chinesas não precisam se preocupar em lucrar, porque o governo chinês as subsidia. Não competem, trapaceiam — afirmou o presidente americano em Pittsburgh, na sede do sindicato United Steelworkers, que reúne os trabalhadores do setor. — Eu não quero um confronto com a China, mas sim uma concorrência justa.

Analistas, porém, consideram a medida mais política que econômica. Colin Hamilton, diretor-gerente de Commodities da gestora BMO Capital Markets, disse à Bloomberg que apenas 2% do aço e 4% do alumínio usados nos EUA ano passado vieram da China.

Pequim, no entanto, denuncia o que chama de “falsas acusações” de Washington. Em nota, o Ministério do Comércio chinês afirma que a investigação do USTR “interpreta de forma equivocada as atividades normais de comércio e investimentos como prejudiciais para a segurança nacional e os interesses das empresas americanas.” E acrescentou que os EUA “impõem os seus próprios problemas industriais à China.”

Os anúncios da Casa Branca são feitos em um contexto de forte rivalidade com a China, apesar do diálogo renovado entre as duas maiores economias mundiais.

O governo Biden mencionou “a preocupação crescente com o fato de as práticas comerciais desleais da China, como inundar o mercado com aço vendido abaixo do custo de mercado, estejam distorcendo o mercado global da construção naval e corroendo a concorrência.”

UE e América Latina

Além disso, a União Europeia acusa de Pequim de distorcer o mercado local, ao inundá-lo com produtos de baixo preço.

Na América Latina, a indústria siderúrgica, que gera 1,4 milhão de empregos, também pede maiores tarifas de importação. A principal siderúrgica chilena, Huachipato, anunciou recentemente a suspensão paulatina de suas operações se não receber uma proteção tarifária, pressionada pela avalanche de aço chinês comercializado até 40% mais barato do que o produzido no Chile. Cerca de três mil postos de trabalho estão em risco, afirma a empresa.

(Com agências internacionais)


Fonte: O GLOBO

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